Já passado três anos desde o início da missão profética, quando o Enviado de Deus, depois de convocar seus familiares conforme já relacionado, deu início à proclamação geral do Islã.
Um dia ele subiu a colina de Safa e em voz alta gritou: “la Sabaaha”, uma expressão comumente usada para alertar as multidões em uma ocasião importante, ou também para divulgar publicamente notícias terríveis.
Sua voz atraiu um grande número de pessoas pertencentes as diferentes tribos.
Ele disse a eles: “Gente! Se eu afirmasse que atrás desta colina existe um exército inimigo que quer atacar vocês, acreditaria em mim? “Sim”, todos responderam, “porque nunca ouvimos você mentir.” Então o Profeta continuou: “Gente! Salve-se do fogo (do inferno).
Não posso fazer mais nada além de avisar”. Em seguida, acrescentou: “Minha posição diante de vós é igual à de quem vê o inimigo de longe E avisa seu povo sobre isso.”
Suas palavras causaram medo em seus corações. Um dos líderes da incredulidade, Abu Lahab, quebrou o silêncio dizendo: “Você nos convocou para nos contar isso?” E a multidão começou a se espalhar.
Resistência às dificuldades em prol dos objetivos
A chave para conseguir o que deseja depende de dois fatores:
1) Ter fé na meta a ser alcançada; e 2) resistir e lutar por isso. A fé é um estimulante interno que impulsiona o ser humano a atingir seus objetivos, pois, sente a felicidade neles. Qualquer dificuldade muitas vezes é suportada para atingir a meta, como no caso do doente que ingere um remédio amargo sabendo que o curará.
Por outro lado, se uma pessoa duvida da realização do que é proposto, não age ou simplesmente desanima no curso de sua ação, ela não obtém nenhum resultado. Concluímos então que a fé é a única coisa que torna possível suportar as dificuldades que se interpõem no caminho da meta.
Diz o Alcorão Sagrado:
“Em verdade, quanto àqueles que dizem: Nosso Senhor é Deus, e se firmam, os anjos descerão sobre eles, os quais lhes dirão: Não temais, nem vos atribuleis; outrossim, regozijai-vos com o Paraíso que vos está prometido!”[1]
A resistência e paciência do Profeta (S.A.A.S)
As relações que o Mensageiro de Deus estava tecendo antes de generalizar seu chamado ao Islã e depois resultaram na criação de uma frente unida entre crentes que se opunham a outro, formada pela descrença e idolatria.
Os primeiros muçulmanos se juntaram a outros, e um sinal de alarme soou nas reuniões dos ímpios. Foi muito fácil para os idólatras Coraixitas derrotarem um novo movimento; mas desta vez eles enfrentaram um problema maior, pois, os membros do movimento pertenciam às tribos diferentes.
Tomar uma decisão categórica sobre isso não foi fácil (por causa da solidariedade tribal que isso desencadearia). Depois de muitas negociações e propostas, eles decidiram que a nova religião deveria ser eliminada.
Eles primeiro tentaram fazer isso oferecendo riquezas e subornos. Diante do fracasso desse método, eles começaram a ameaçar, perseguir e torturar muçulmanos (que careciam de proteção tribal).
Sua ofensiva durou 10 anos até que finalmente decidiram matar o Profeta. Mas Deus queria salvá-lo e ordenou-lhe que emigrasse para Medina.
Naquela época, início da ofensiva dos líderes descrentes dos coraixitas, Abu Talib era o chefe do clã Banu Hashim. Ele era um homem muito obstinado com um coração nobre. Sua casa era um lugar de refúgio para os órfãos e necessitados. Ele era o líder de Meca (pela seriedade do clã mais nobre), e era parcialmente responsável pelos escritórios da Ka'aba.
Ele também gozava de grande respeito entre as pessoas. Como ele era o guardião de Maomé sendo seu tio, os incrédulos Coraixitas decidiram visitá-lo. Disseram-lhe: “Seu sobrinho nos censura e critica nossa religião. Ri de nossos pensamentos e crenças. Ele chama nossos pais de tolos e afirma que eles se perderam.
Ordene-lhe que acabe com tudo isto e coloque-o nas nossas mãos e prive-o do seu apoio”. Abu Talib, com palavras sábias e gentis, decidiu fazê-los desistir de sua reivindicação. Mas a influência do Islã aumentava dia a dia. Na época da peregrinação, especialmente, quando Meca estava cheia de pessoas de toda a Arábia, o Profeta proclamou a religião do Islã.
Sua palavra sábia e eloquente, e verdadeira doutrina impressionou as multidões que compareceram à Ka'aba. Só então os faraós de Meca descobriram que Maomé havia alcançado grande popularidade entre muitas tribos.
Então, os líderes dos Coraixitas voltaram pela segunda vez para ver Abu Talib: “Abu Talib! Você é superior a nós por causa de sua nobreza e por causa de sua idade. Já lhe dissemos que desejamos que seu sobrinho abandone sua religião, mas você nos ignorou e agora uma última gota transbordou do cálice de nossa paciência. Não podemos continuar a suportar que eles critiquem nossos deuses e nos considerem inferiores e ignorantes. Decida: Ou você o impede de continuar, ou vamos lutar contra você e também contra ele até sabermos quem será o vencedor”.
Quem era o único refúgio do Profeta, com toda inteligência e sabedoria, respondeu que comunicaria suas palavras a Muhammad. Essa resposta apaziguou sua fúria e lhe permitiu encontrar uma maneira de resolver o problema. Quando os Coraixitas se retiraram, Abu Talib encontrou-se com Muhammad e contou-lhe o que havia acontecido; não está descartado que Abu Talib quisesse avaliar a fé de seu sobrinho. O Profeta respondeu com uma frase que mostra sua hierarquia, sua coragem e fé absoluta em sua missão:
“Querido tio! Juro por Deus que mesmo que colocassem o sol em minha mão direita E a lua em minha mão esquerda, eu não pararia de proclamar a mensagem até que tivesse sucesso ou morresse tentando. “
Muhammad conseguiu ir embora quando seu tio o chamou e disse: “Por Deus, nunca vou deixar de apoiá-lo, então vá em frente com sua missão.”
[1] Alcorão sagrado. C.41, V.30.
Uma análise da vida do Profeta do Islã; Muhammad (S.A.A.S)