-morada, no Outro Mundo, àqueles que não se envaidecem nem fazem corrupção na terra; e a recompensa será dos tementes” (28:83). Assim, a autoridade é instituída no Islã baseada no direito e na justiça, na prática do lícito e na proibição do ilícito, longe da injustiça, da corrupção e da soberba. No momento em que fala sobre a autoridade injusta, tirânica, que impede a liberdade e o livre arbítrio do ser humano, com opressão e terrorismo, procurando escravizá- lo, o Alcorão apresenta o exemplo do Faraó: “É certo que o Faraó se ensoberbeceu, na terra (do Egito), e dividiu em castas o seu povo; subjugou um grupo deles, sacrificando-lhes os filhos e deixando com vida as suas
mulheres. Ele era um dos corruptores” (28:4). Esse versículo é uma rejeição explícita à injustiça e à tirania política com base em ideologia, raça e língua. Essa injustiça identifica a pior espécie de tirania, que impede a liberdade do ser humano e o seu direito à vida. Assim, o Alcorão se constitui no fenômeno da justiça política quando fala sobre o governo, a autoridade e a soberba na terra, abrindo espaço para a liberdade política do ser humano, colocando-se contra a autoridade despótica e a opressão. Não apenas isso, confisca a autoridade do governante injusto, considerando-o incapaz de exercer o governo e a liderança. Isso acontece no diálogo com Abraão (A.S.): “Disse-lhe: Designar-te-ei Imam dos homens. (Abraão) perguntou: E também o serão os meus descendentes? Respondeu-lhe: Minha promessa não alcançará os injustos” (2:124). O mesmo significado é corroborado pelas palavras do Altíssimo: “Não vos inclineis para os injustos, porque o fogo apoderar-se-á de vós” (11:113). O tirano não merece a designação de liderança, cuja principal função é guiar a humanidade. Não se deve dar confiança e apoio ao tirano, aceitando as suas ordens e os seus atos. Isso é estabelecido pela tradição do Mensageiro de Deus (s): “O melhor jihad (empenho) é uma palavra justa perante um governante injusto.” Aparece, ainda, nas palavras do Imam Assádiq (A.S.) “O tirano, o seu ajudante e quem os aceita são parceiros.” Isso determina a ilegalidade da autoridade tirânica e o dever de combatê-la. O Alcorão condena, em muitas oportunidades, as autoridades tirânicas, denominado-as de sedutores e arrogantes. O Altíssimo diz: “Adorai a Deus e afastai-vos do sedutor!” (16:36)
Se o ser humano e a natureza fossem deixados sem uma força exterior que os dominasse, o homem seria livre como os pássaros no céu e os peixes no mar.