Eu sou flho da Meca

23:22 - 2021/08/22

Eu sou filho da Meca e Mena, flho de Zam Zam e Safá,

Eu sou filho daquele indivíduo magnânimo que levantou a Pedra Negra com sua capa

Eu sou filho do melhor peregrino, daquele que realizou os ritos da peregrinação da melhor forma.

Eu sou filho daquele que, numa noite, foi levado da Masjedol Haram até a Masjedol Aqsa
Eu sou filho daquele a quem Deus fez revelações,

Na presença de Yazid ibn Mu´awiyah

O governante tirano de Kufa, Ubaydillah ibn Ziyad, ordenou seus agentes Zajar ibn Qais, Abu Borda ibn Ouf al-Azdi e Tareq ibn Dhibiyan, e a outros soldados habitantes da cidade de Kufa que levassem o grupo de prisioneiros dos Ahlul Bait (A.S.) para Sham. O grupo era composto de mulheres e crianças, e no meio deles estava o Imam Ali ibnol Hussein (A.S.), algemado até o pescoço como forma de humilhá-lo e denegrir sua posição perante o povo.

No momento em que o Imam Ali Ibnol Hussein (A.S.) entrou no palácio e ficou perante Yazid, ele perguntou: “Ó, Yazid! O que pensas que o Mensageiro de Deus diria se nos visse com as mãos atadas assim?”

Esta frase simples, plena de sentido, pronunciada pelo Imam (A.S.), provocou lágrimas nos olhos dos que estavam presentes. Neste momento foi ordenado que as cordas fossem tiradas dos prisioneiros. Os prisioneiros foram colocados no centro do salão da mesquita onde todos os prisioneiros permaneciam, sendo que foram colocados próximos das escadas e a cabeça do Imam al-Hussein (A.S.) foi colocada bem próxima do tirano Yazid ibn Mu´awiyah.

Após todos estarem em suas posições uma conversa aconteceu entre o Imam Ali Ibnol Hussein (A.S.) e o tirano Yazid, sendo que o Imam (A.S.) jamais temeu a Yazid, a tirania e a opressão dos Omíadas, não o assustava, pois ele confiava em Deus e tinha certeza de sua crença.

O Imam (A.S.) pediu que suas algemas fossem tiradas e foi prontamente atendido Yazid ibn Moáwiya ordenou a um de seus oradores que subisse ao altar e recordasse, ofensivamente e humilhantemente, ao Imam Ali ibn abi Taleb e ao Imam Al-Hussein (A.S.). O orador se sentou no altar e iniciou seu sermão, elogiando a Yazid ibn Moáwiya e insultando a estes dois honrados Imames.

O Imam Ali ibnol Hussein (A.S.), que estava ali presente, silenciou as palavras do orador dizendo: “Ó, pobre de ti! Trocastes a satisfação do Criador pela satisfação da criatura, preparando assim teu lugar no inferno.” Então, o Imam (A.S.) voltou seu luminoso rosto para Yazid e perguntou-lhe: “Permite que eu suba ao altar e diga algumas palavras que agradem a Deus, e as quais também serão prêmio e recompensa aos presentes? Yazid ibn Moáwiya se opôs, mas a multidão insistia que aceitasse, e sem ter alternativa, declarou: Se ele sobe ao

altar, só descerá quando tiver desonrado a mim e a família de Abu Sufán”.

Perguntaram-lhe: “O que é que ele pode dizer?” Contestou Yazid: “Ele é daquela família que recebeu a esperteza por meio do leite quando ainda eram lactantes.”

As pessoas insistiram tanto que Yazid se viu obrigado a aceitar, e então, chamou o Imam Ali ibnol Hussein (A.S.), que subiu ao altar e depois de exaltar a Deus, o Todo Poderoso, continuou dizendo:

“Ele que não tem início e que Sua essência é eterna e imortal, o Primeiro, sem princípio, e o Último, sem final, e depois que tenha se extinguido toda a criação Ele permanecerá e continuará eternamente...

 Ó, povo! Fomos agraciados com seis virtudes, sabedoria, paciência, generosidade, eloqüência, valentia, e com o preenchimento dos corações dos féis de amor por nós... E somos ainda mais virtuosos por sete motivos:

 O Profeta (S.A.A.S.) é dos nossos, o Verdadeiro (A.S.), o Attaiiar, o Leão de Deus e do Mensageiro, a senhora das mulheres do universo, Fátima

Azzahra (A.S.), o Imam Al-Hassan (A.S.) e o Imam Al-Hussein (A.S.), os dois grandiosos netos do Profeta (S.A.A.S.) são dos nossos também.

Então, quem já sabe quem eu sou, me conhece, mas quem ainda não sabe, vou me apresentar.

Eu sou filho da Meca e Mena, filho de Zam Zam[1] e Safá,

 Eu sou filho daquele indivíduo magnânimo que levantou a Pedra Negra com sua capa.[2],

Eu sou filho do melhor peregrino, daquele que realizou os ritos da peregrinação da melhor forma.

Eu sou filho daquele que, numa noite, foi levado da Masjedol Haram até a Masjedol Aqsa[3],

Eu sou filho daquele a quem Deus fez revelações,

Eu sou filho de Hussein, que foi martirizado em Karbala.

Eu sou filho de Mohammad Al-Mustafa.

Eu sou filho de Fátima Azzahra.

Eu sou filho de Khadidja Al-Kubra.

Eu sou filho daquele que foi afogado em seu próprio sangue.

A multidão olhava para o Imam Ali ibnol Hussein (A.S.) com excitação, e ele, por sua vez, evidenciava em cada uma das suas frases a grandeza da sua linhagem e a profundidade do martírio do seu pai, o Imam Al-Hussein (A.S.).

Pouco a pouco os olhos dos presentes se encheram de lágrimas, e se ouviam leves soluços afogados em suas gargantas. De repente, foi se elevando de todos os lados da Mesquita um ruidoso pranto. Yazid ibn Moáwiya se atemorizou, e

para acalmar as pessoas e evitar que o Imam Ali ibnol Hussein (A.S.) continuasse falando, ordenou a um de seus súditos que fizesse o Azán[4].

A voz se levantou: “Allahu Akbar, Allahu Akbar, Allahu Akbar, Allahu Akbar... Deus é o Maior”. Repetiu quatro vezes. O Imam (A.S.), que ainda se encontrava sobre o altar exclamou: “Assim é, Deus é o Maior, o mais Magnífico, o mais Glorioso e mais Digno de temor do que qualquer outro.” “Ash-hado an la ilaha ell-Allah”. Testemunho que não há divindade além

de Deus.

O Imam (A.S.) exclamou mais uma vez: “Assim é! E juro que meu cabelo, minha pele, minha carne, meu sangue, meus ossos e minha mente testemunham o mesmo.” “Ash-hado anna Muhammadan Rasull-Alllah.” Testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Deus.

Todos se encontravam com a cabeça abaixada, escutando com atenção a chamada à oração e o que o Imam (A.S.) falava. Quando o orador disse:

“Muhammadan Rasull-Alllah” os presentes levantaram as cabeças, dirigindo os olhares ao Imam (A.S.).

Uma cortina de lágrimas cobria seus olhares, era como se vissem no Imam (A.S.) o próprio Profeta Mohammad, o Mensageiro de Deus (S.A.A.S.). O Imam (A.S.) tirou o turbante da cabeça e exclamou:

“Ó orador! Por esse Mohammad que acabas de pronunciar, silencie por um momento!” O orador calou e as pessoas fizeram um silêncio maior ainda. Yazid ibn Moáwiya estava muito preocupado, já que nem a chamada da oração conseguiu acalmar o Imam (A.S.).

A Revolução do Imam Al-Hussein (A.s.) - motivos, Fatos e Resultados. P 138.

 

[1]. A fonte de água localizada em frente a Caaba que nasceu debaixo dos pés de Ismael (A.S.), o filho recém-nascido do profeta Abraão (A.S.).

[2]. A pedra que segundo algumas narrações foi enviada junto com o profeta Adão após ele ter sido expulso do paraíso. Ele a pediu a Deus como lembrança do paraíso.

[3]. A mesquita do domo da rocha, localizada em Jerusalém, construída pelo profeta Davi (A.S.)

 [4]. Convocação inicial para a oração  .

A voz se levantou: “Allahu Akbar, Allahu Akbar, Allahu Akbar, Allahu Akbar... Deus é o Maior”. Repetiu quatro vezes. O Imam (A.S.), que ainda se encontrava sobre o altar exclamou: “Assim é, Deus é o Maior, o mais Magnífco, o mais Glorioso e mais Digno de temor do que qualquer outro.” “Ash-hado an la ilaha ell-Allah”. Testemunho que não há divindade além
de Deus.

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