-A clássica seleção de sermões, cartas e ditos do Imam Ali ibn abi Taleb (que a paz esteja com ele), o Príncipe dos Fiéis, compilada pelo grande sábio Sharif al-Radhi. Esta obra é a segunda mais importante na literatura ética-moral islâmica, ficando atrás apenas do Alcorão Sagrado, e é um retrato fiel do caráter, eloquência e grandiosidade do Imam Ali (que a paz esteja com ele).
Quando os Kharijitas persistiram na sua rejeição ao arbitramento, Amirul Muminin (A.S.) foi até o acampamento deles e se dirigiu a eles nestes termos:
“Estivestes todos vós conosco em Siffin?” Responderam que alguns haviam estado, mas outros não. Então Amirul Muminin disse: “Então quer dizer que vos dividistes em dois grupos: um que esteve presente em Siffin e outro que não esteve; assim, dirigir-me-ei a cada um conforme achar necessário.”
(Então ele gritou ao povo) : “Parai de falar e ficai quietos, e ouvi o que digo! Voltai vossos corações a mim! Aquele a quem pedirmos evidência, deve dá-la de acordo com o seu conhecimento dela. ”
Então ele teve uma longa conversa com eles e disse:
“Quando puseram em evidência o Alcorão por puro engodo, artimanha, falsidade e trapaça, não dissestes: “São nossos irmãos e camaradas na aceitação do Islam. Querem que paremos de lutar e que peçamos a proteção por meio do livro de Deus, o glorificado. Nosso desejo é concordarmos com eles e acabarmos com seus problemas.” Então vos disse que nesta questão, o lado interno da fé é o lado externo da inimizade. Seu começo é penoso e o fim, arrependimento.
Porquanto devereis permanecer resolutos nas vossas posições e ficar firmes no vosso caminho. Devereis comprimir os dentes quanto ao Jihad e não prestar atenção aos berros do que estiver berrando. Se este for atendido causará extravios mas se for ignorado ficará em desgraça.
Contudo, quando isto (o Arbitramento) foi feito, achei que concordáveis.
Por Deus, se eu a recusasse… não seria obrigatória para mim. Tampouco Deus poria vossos pecados sobre mim. E por Deus, agora que aceitei, apenas eu sou a pessoa certa a ser seguida, porque certamente, o Alcorão está comigo. Jamais o abandonarei uma vez que o adotei por companhia. Estivemos com o Profeta (S.A.A.S.) em batalhas nas quais aqueles que foram mortos eram pais, irmãos e parentes uns dos outros.
Não obstante, todos os problemas e sofrimentos apenas nos incentivaram á nossa crença, ao nosso trilhar o caminho certo, à submissão ao comando (divino) e à paciência frente a dor dos ferimentos.
Agora temos que combater os nossos irmãos no Islam por causa da penetração nele da má orientação e da desonestidade; das dúvidas e da interpretação (errônea). Todavia, se encontrarmos qualquer modo pelo qual Deus possa nos unir na nossa desorganização e pelo, qual possamos nos aproximar uns dos outros, baseado em qualquer coisa que tenhamos em comum, nós o aceitaremos e abandonaremos tudo o mais.”