Nahjul Balagha Sermão nº 160

09:32 - 2021/10/18

-A clássica seleção de sermões, cartas e ditos do Imam Ali ibn abi Taleb (que a paz esteja com ele), o Príncipe dos Fiéis, compilada pelo grande sábio Sharif al-Radhi. Esta obra é a segunda mais importante na literatura ética-moral islâmica, ficando atrás apenas do Alcorão Sagrado, e é um retrato fiel do caráter, eloquência e grandiosidade do Imam Ali (que a paz esteja com ele).

Nahjul Balagha Sermão nº 160

A grandiosidade de Deus
“O veredicto de Deus é judicioso e cheio de sapiência. Seu prazer implica em proteção e mercês. ELE decide com conhecimento e perdoa com convicção.
Louvando o Senhor
Deus meu, o louvor seja a ti, pelo que tomas e pelo que dás, do que curas e com o que afliges; o louvor que é o mais aceitável por ti, o mais querido de ti, o mais digno perante ti.
O louvor que abrange toda a tua criação e chega até onde tu desejas; louvor que não é velado de ti e não finda, que não se extenua com a continuidade.
Nós não conhecemos a realidade da tua grandiosidade, salvo que sabemos que tu és o Vivente o Existente. A inatividade ou o sono não ocorre a ti, a imaginação não se estende até ti e a visão não te capta.
Tu vês os olhos e conta as idades. Reténs pelos topetes e pelos pés. Nós vemos a tua criação e nos admiramos dela e do teu poder, e os descrevemos (como sendo resultado da) tua grande autoridade, embora saibamos que o que está oculto, o que a nossa visão não pode alcançar, o que a nossa inteligência não abrange, e aquilo entre o qual e nós mesmos as cortinas do desconhecido foi puxada, é ainda bem maior.
Aquele que esvaziar seu coração e exercitar seu pensamento a fim de saber como tu estabeleces o teu trono, como tu crias as pessoas, como tu manténs o ar nas alturas e como tu expandes a tua terra nas ondas das águas, sentir-se-á com os olhos cansados, com a inteligência derrotada, de ouvidos ávidos e pensamento divagante.
(outra parte do mesmo sermão)
Esse reivindica, de acordo com o seu pensamento, que tem esperanças em Deus. Por Deus, o Grande, que ele mente! O fato é que sua esperança não se revela em suas ações, embora se saiba que a esperança é conhecida através dos atos. Isso acontece com toda esperança, menos com a esperança em Deus, se esta for impura, e todo o temor é estabelecido, menos o temor a Deus, se for irreal.
Ele espera grandes coisas de Deus e pequenas coisas dos homens mas dispensa ao homem (grande consideração) e não dispensa a Deus. Que é que há com Deus? Glorificado seja o seu Louvor! É lhe concedido menos do que às criaturas em matéria de consideração.
Temei sempre serdes falsos nas vossas esperanças em Deus; então não os olhais como o centro das vossas esperanças. De maneira similar, se um homem tem medo de um homem, dispensa-lhe (consideração) por medo, coisa que não faz em relação a Deus. Desse modo, faz do seu medo aos homens pagamento a vista, enquanto faz do seu temor a Deus pagamento a prestação. Este é o caso de todo aquele a cujos olhos este mundo se apresenta grande e em cujo coração a posição do mundo é grande. Defere-o - diferindo a Deus-inclinando-se a ele, tornando-se seu devoto.
O mensageiro de Deus
Certamente, no Profeta de Deus (S.A.A.S.) há exemplos suficientes para vós e uma prova dos vícios deste mundo, dos seus defeitos, da abundância de desgraças e de males, porque suas injunções lhe foram barradas, ao passo que seus flancos foram estendidos para outros; o mundo o privou de seu leite e ele se afastou de seus adornos.

Moisés
Se quiserdes, eu vos relatarei como segundo exemplo, Moisés, o interlocutor(A.S.), quando disse:“Ó! Deus, eu necessito do que quer que seja de bom, que tiveres para me conceder!” Por Deus, ele pediu tão somente pão para comer, porquanto só comia ervas do chão, sendo que o verdor das ervas podia ser visto através da fina pele da sua barriga e devido à escassez da carne do seu corpo.

Davi
Se desejais, posso dar-vos um terceiro exemplo, o de Davi(A.S.). Ele foi o retentor dos Salmos e o recitador entre as pessoas do paraíso. Costumava fazer cestas de folhas de tamareira com suas próprias mãos e dizia para os seus companheiros: “quem de vós me ajudaria, indo consegui-las para mim “? Costumava comer pão de centeio (comprado) com o dinheiro das cestas.

Jesus
Se desejais, eu vos contarei sobre Jesus, o filho de Maria. Ele utilizava uma pedra como travesseiro, vestia rudes roupas e comia alimentos grosseiros. Seu condimento era a fome, sua candeia á noite, era a lua; seu abrigo durante o inverno era somente a vastidão territorial, a leste, oeste, norte e sul. Os frutos para ele, eram apenas aqueles que nasciam no mato e que serviam de alimento para o gado. Não tinha esposa que o levasse a fazer coisas ruins, nem filho para lhe causar transtorno, nem riqueza que o desviasse, nem cupidez que o levasse a desgraça. Seus dois pés eram o seu meio de locomoção, suas duas mãos, suas criadas.

O Profeta Mohammad (que a paz esteja com ele e sua família purificada)
Devereis seguir o vosso Profeta, o puro, o casto - Deus o abençoe e aos seus descendentes. Nele está o exemplo para os seguidores e o consolo para os que o buscam. A pessoa mais querida por Deus é aquela que segue o seu Profeta e que rastreia suas pegadas. Ele teve o menor (quinhão) deste mundo e não o descortinou de todo.
De todas as pessoas do mundo foi o menos saciado, o de estômago mais vazio. O mundo lhe foi ofertado mas ele se recusou a aceita-lo.
Quando sabia que Deus odiava uma coisa ele a odiava também, ou que Deus tinha uma coisa como ínfima ele também a considerava como tal.
Se amarmos aquilo que Deus e o seu profeta odeiam e se considerarmos grande uma coisa que Deus e seu Profeta têm como pequena, isso significará bastante isolamento quanto a Deus e transgressão dos seus mandamentos. O Profeta (S.A.A.S.) costumava comer sentado no chão e se colocava como um servo. Consertava seus calçados com as mãos e também remendava suas roupas. Era capaz de montar um asno, em pelo, e sempre punha alguém na garupa. Se visse uma cortina na sua porta com figuras estampadas nela, dizia para uma das suas esposas: “Que alguém a tire da minha vista por que ao olhar para ela me lembro do mundo e seus encantos”. Assim ele retirou seu coração deste mundo e destruiu na sua mente a recordação dele. Ele desejava que as seduções do mundo ficassem longe dos seus olhos para que não fosse tentado a tirar grande proveito dele, para que não o considerasse um lugar de permanência e não esperasse viver nele. Como consequência o tirou de sua mente, deixou que saísse do seu coração e se escondesse de seus olhos. Da mesma maneira, aquele que odeia uma coisa deve odiar olhar para ela ou ouvir sobre ela.
Certamente estava com o Profeta de Deus(S.A.A.S.) tudo aquilo que seria evidência para vós dos males deste mundo com seus defeitos, ou seja, que ele sofria fome junto a seus principais companheiros e, apesar da sua grande proximidade, as seduções do mundo estavam longe para ele.
Então, alguém poderá ver com sua inteligência, se Deus honorificou Mohammad como resultado disso, ou o privou das graças. Se disser que Deus o privou das graças, decerto que mentirá e perpetrará uma grande injustiça. Se disser que Deus o honorificou, deverá saber que Deus retirou a honra de outros ao conceder-lhes o mundo, mas reteve-o dele, que era de todos os homens, o mais próximo (a Deus).
Portanto, esse deve seguir o seu Profeta, rastrear-lhe as pegadas e adentrar por sua porta. Caso contrário, não estará a salvo da ruína.
Certamente Deus tornou Mohammad (S.A.A.S.) um sinal para o dia do juízo, arauto das boas novas do paraíso, admoestador quanto a retribuição.
Ele partiu deste mundo com fome, mas entrou no outro em segurança.
Ele não assentou pedra sobre pedra até que partiu e respondeu o chamado de Deus. Quão grande é a benção de Deus, no fato de que ELE nos abençoou com o Profeta como um predecessor a quem seguimos e um líder cujas pegadas seguimos. Por Deus, tenho posto tantos remendos na minha camisa que agora estou com vergonha daquele que remenda. Alguém me disse se eu não gostaria de joga-la fora, mas eu respondi: “Sai de perto de mim!” é de manhã que as pessoas (se conscientizam da vantagem de falar) e falam alto da viagem noturna.”

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