O ser humano é o único ser pensante e curioso que conhecemos no mundo por isso sempre foi objeto de investigação e discussão pelo mesmo homem.
A palavra "humanidade" sempre esteve ligada à ideia de exaltação e santidade, como categoria superior à dos animais sob vários pontos de vista, como o conhecimento, a justiça, a liberdade, a consciência moral, etc. Embora muitos dos objetivos sagrados da humanidade tenham sido questionados, e até mesmo negados, aparentemente nenhuma doutrina intelectual séria foi tão longe a ponto de menosprezar a dignidade especial da condição humana e sua superioridade sobre outras criaturas.
O que significa ser humano e a condição humana
Este fato foi elegantemente expresso nos poemas de Rumi, Sa'di e por outros de nossos poetas. Esse tema também é comum em toda a literatura universal, religiosa e não religiosa, na medida em que trata do tema do homem e de sua hierarquia existencial. Tanto na literatura árabe quanto na persa encontramos afirmações da mesma natureza.
Nos últimos dois séculos, com o avanço da ciência, a condição humana caiu repentinamente daquele pedestal de santidade que sempre teve. Caiu com grande estrondo, pois, quanto mais alto algo está, maiores são os danos causados por sua queda. No passado, o ser humano havia sido exaltado à categoria de semideus, como atestam os poemas de Hafiz e outros poetas.
A primeira descoberta que revolucionou as ideias sobre a condição humana foi a da forma do universo. À Terra, que se acreditava ser o centro do universo em torno do qual todos os planetas e estrelas giravam, foi mostrado pela ciência que era simplesmente um pequeno planeta girando em torno do sol, e que o sistema solar era apenas uma parte insignificante de universo.
Foi então que a posição da humanidade como o centro de todas as possibilidades, como o objeto da criação, foi questionada e negada, e ninguém ousou depois disso reivindicar uma posição de destaque para ela. Então ele sofreu outro revés severo, e foi a ideia de que o ser humano não era mais uma criatura divina e representante de Deus na terra. A investigação biológica sobre o tema da evolução e a origem das espécies mostrou a relação do homem com aqueles mesmos animais aos quais este zombava e desprezava. Os homens provaram ser uma forma evoluída de um macaco ou algum outro animal, e assim perderam totalmente sua origem divina.
Por fim, concluiu-se que esse ser, que primeiro invocou a exaltação de uma origem divina, deve ser submetido a um estudo cuidadoso, se quisermos descobrir sua verdadeira natureza. Ainda outra teoria foi apresentada, que sustenta que não há diferenças entre humanos, plantas e até mesmo seres inanimados. Que há, naturalmente, uma diferença na textura e na forma, mas não na substância de que são feitas. Está estabelecido que o espírito e o sopro divino não existem, pois, o ser humano é uma máquina mais complicada que outras como carros, aviões e satélites; isto é: apenas uma criatura mecânica.
Isso foi um grande golpe para a condição humana, mas os valores humanos não foram completamente condenados ou desprezados, exceto por algumas escolas de pensamento, onde ideias como paz, liberdade, espiritualidade, justiça e compaixão são zombeteiramente consideradas.
No entanto, em meados do século XIX, a condição humana voltou a atrair a atenção das escolas filosóficas, especialmente as escolas humanistas, e até mesmo os seres humanos foram adorados. No passado, o ser humano era apenas um sinal de espiritualidade, e o Sagrado Alcorão fala da criatura humana como o ser mais valioso por meio do qual o entendimento de Deus pode ser acessado.
Atualmente o ser humano está tentando recuperar sua antiga honra e santidade, e se tornar um objetivo em si mesmo, mas sem a adoção do antigo critério e sem considerar seu aspecto divino ou não divino, nem os ensinamentos do Alcorão a respeito ele, que afirma que tudo na terra foi criado para ele e que Deus soprou algo de Seu Espírito nesta criatura para torná-la uma manifestação de Si mesmo.[1]
[1] O Sagrado Alcorão diz a esse respeito: "Mostraremos a eles (homem) Nossos sinais nos horizontes (natureza) e em si mesmos (suas próprias almas)" (41:53); "Ele (Deus) é Quem criou para vocês tudo o que há na terra" (2:29); “E sopramos nele (no homem) o nosso Espírito” (15: 9).