Nahjul Balagha Sermão nº 165

12:53 - 2021/10/20

-A clássica seleção de sermões, cartas e ditos do Imam Ali ibn abi Taleb (que a paz esteja com ele), o Príncipe dos Fiéis, compilada pelo grande sábio Sharif al-Radhi. Esta obra é a segunda mais importante na literatura ética-moral islâmica, ficando atrás apenas do Alcorão Sagrado, e é um retrato fiel do caráter, eloquência e grandiosidade do Imam Ali (que a paz esteja com ele).

Nahjul Balagha Sermão nº 165

(Descrevendo a maravilhosa criação do pavão)
“Deus providenciou seres maravilhosos incluindo o vivente, o inanimado, o estacionário e o que se move. Estabeleceu claras provas de sua delicada e criativa força e de seu grande poder, de tal maneira, que as mentes se curvam a ELE em reconhecimento e submissão, sendo que os argumentos sobre sua unicidade nos avassalam os ouvidos. ELE criou aves de formas variadas que vivem nas tocas da terra, nas aberturas dos altos desfiladeiros e nos picos montanhosos. Possuem diferentes espécies de asas e diversificadas feições. São controladas pelas rédeas da autoridade (de Deus). Adejam com suas asas na imensidão do vasto firmamento, na atmosfera aberta. Deus as trouxe a existência da não-existência, em estranhas formas exteriores e as compôs juntas e ossos cobertos de carne. Privou algumas delas da faculdade de facilmente voarem pelo céu, devido ao peso do corpo, permitindo que fizessem uso das asas somente rente ao chão. Estabeleceu-as em diferentes cores por meio do seu singular poderio, vasto e criativo poder. Entre elas há as que são matizadas com apenas uma coloração e há as que o são com uma coloração e mais a parte que foi como tingida. Há outras ainda que possuem uma coloração e algo como uma argola no pescoço, de cor diferente.

O pavão
A mais interessante entre elas em matéria de criação, é o pavão, que Deus criou na mais simétrica moderação e lhe arranjou os matizes no melhor dos arranjos, com suas asas cujas extremidades são interligadas e cuja cauda é longa. Quando caminha em direção á fêmea, abre sua cauda em forma de leque e a levanta para cobrir a cabeça como se fosse a vela de um navio que está sendo manejada por um marujo. Ele se sente orgulhoso da sua coloração e se rebola quando se movimenta. Copula como os galos. Pula para a impregnação como um homem libidinoso e enérgico na hora da luta. Estou vos contando isto da minha própria observação e não como aquele que narra 9algo) baseado em fraca autoridade, como a crença de certas pessoas de que o macho impregna a fêmea por meio de uma lágrima que sai de seus olhos e, quando pára no canto do olho, a fêmea a suga e põe ovos fecundados, não pela impregnação feita pelo macho, mas pela sucção da lágrima.
Ainda que fosse assim, isso não seria mais surpreendente do que o acasalamento das gralhas. Pode-se imaginar as suas penas como sendo Aretas feitas de prata, os maravilhosos círculos e as penas em forma de sóis, ali crescendo como se de ouro puro com pedaços de esmeralda.
Se as fossemos comparar com qualquer coisa que cresça da terra, as compararíamos com um ramalhete de flores colhidas durante a primavera. Se fossemos compara-las com roupas, as compararíamos com os aparatos estampados ou com peças de cores variegadas do Iêmen.
Se as fossemos comparar com peças de ornamentação, seriam como gemas de diferentes cores e cingidas de prata juncada.
O pavão caminha com vaidade e orgulho e abre sua cauda e suas asas e “se ri” admirando a beleza de suas vestes e os matizes das gemas do seu pescoço e note-se que ele só enxerga em preto e branco! porém quando olha para as suas pernas, ele “chora” em alta voz que indica o seu clamor, e apresenta um verdadeiro pesar, porque elas são desproporcionalmente
Finas como as dos galos mestiços indo-pérsicos. Nas extremidades das suas canelas há umas finas esporas e na posição do seu peão há um tufo de variegadas penas verdes, seu pescoço começa com a forma de um pedaço disforme de qualquer coisa, e se estica até sua barriga, como a tintura do Iêmen, em cores, ou como um pano de seda posto num espelho polido que aparenta como se estivesse coberto com um véu preto, exceto que, devido a sua excessiva transparência e brilho parece que aquela deslumbrante cor verde foi misturada (com outras).
Juntamente com os buracos das orelhas há uma linha brilhante de coloração camomila como a fina ponta de uma pena. Uma brancura brilha contra um fundo negro. Quase não há uma matização que não tenha sido emprestada e melhorada ainda mais, por meio de polimento regular, de lustração, de resplandecência e de brilhos sedosos. É, portanto, como florações espalhadas que não foram sazonadas pelas chuvas da primavera ou pelo sol do verão. Mas ele também solta a sua plumagem e descarta as suas vestes. Elas caem de todo e novamente crescem.
Caem de hastes emplumadas como as folhas caem dos galhos e então começam a se juntar novamente e crescem, até voltarem a posição anterior. Os novos matizes não diferem dos anteriores, nem qualquer outra cor aparece em outro lugar que não seja o seu próprio. Se olharmos cuidadosamente um fio de suas emplumadas hastes, ele se apresenta com uma coloração avermelhada, então um verde- esmeralda e depois um amarelo dourado. Como poderá a agudez do intelecto descrever tal criação ou fazer isso a faculdade da mente, ou as elocuções dos relatores conduzir a sua narrativa?
Mesmo as suas menores partes foram tornadas impossíveis para que a imaginação as apreendesse e as línguas as descrevessem. Glorificado seja Deus que impossibilitou as argúcias a descrever a criação, que ELE colocou abertamente diante dos olhos, a qual veem embalada, modelada, arrumada e colorida. ELE também impossibilitou as línguas de descreverem brevemente as qualidades e ainda de discorrerem demoradamente sobre o seu louvor.

As pequenas criaturas
Glorificado seja Deus que deu pés ou patas aparas as formigas e os borrachudos e também criou aqueles mais desenvolvidos que eles, as serpentes e os elefantes. Tornou obrigatório que não houvesse esqueleto algum com o qual se movessem e no, qual insuflasse um espírito, sendo que a morte é o seu lugar prometido e a destruição o seu término definitivo.
(outra parte do mesmo sermão)
Se lançardes o olhar de vossa mente para o que vos é descrito acerca do paraíso, vossos corações passarão a odiar a sutilezas deste mundo, as quais estão expostas aqui, isto é, os desejos e os prazeres.
E (quanto) as belezas do cenário (do paraíso) ! Ficaríeis absortos com o farfalhar das árvores, cujas raízes estão escondidas sob os montículos de almíscar às margens dos rios, e com a atração dos cachos de pérolas frescas em seus galhos com os ramos daquelas árvores, com a exibição de frutas diferentes surgindo por baixo das folhas. Essas frutas podem ser apanhadas sem qualquer dificuldade, pois, caem ao simples desejo de seus apanhadores. Meu puro e vinho destilado serão oferecidos aqueles que se sentarem nos pátios dos seus palácios. São pessoas que sempre se pautaram pela honradez até que se instalaram na casa da morada eterna e estarão descansando das atribulações da viagem.
Ó! Ouvintes, se estais ocupados em vos adiantardes rumo estas maravilhosas cenas, que se aprestam rumo a vós, então os vossos corações certamente morrerão de avidez por elas e tereis de vos preparar para buscardes a companhia daqueles que estão nas tumbas, saindo de minha audiência e vos apressando em direção a eles.
Que Deus queira pela sua misericórdia, incluir-nos entre aqueles que porfiam com seus corações para a morada dos virtuosos.”
(Sayyed Al-Radi comenta:“ as palavras de Amirul Muminin“ wa iarru bimulaqahat in” e Al urru implicam copulação. Quando diz“ arra al mirata iaurruha” significa copulou com uma mulher. Suas palavras “Ka anahu qilun dariun anajahu nutiuhu e qila” significam vela dum navio, “dari” significa pertencer a Darain, uma cidadezinha costeira donde as essências são trazidas. E “anajahu” significa transformado nisso. É dito “anajtu um nakata” assim como “nasartu e anajuha anjan”, ou seja, quando vos transformastes nisso. e nuti significa marinheiro ou marujo. Suas palavras “zafatai jufunihi” significam os lados das pálpebras, enquanto que “zafatan” significa os dois lados. Nas suas palavras“ felaz iz zabajard”, felaz é o plural de filzatin, que significa pedaço.Suas palavras “qabais il lulu il ratbe e qabasa” significam cachos de tâmaras. “Asalij” significa varetas, seu singular é “usl
 

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