Interpretação do Alcorão -Báqara V

09:09 - 2021/11/21

A crença no desconhecido é crença nas coisas que não são sentidos diretamente, como Deus e seus anjos e na Ressurreição, no Paraíso e no Inferno. O indivíduo crê n’Ele por intermédio de Seus sinais, Suas criaturas, que demonstram a grandiosidade da Sua criação.

Interpretação do Alcorão

Interpretação do Alcorão -Báqara, parte 5

Vamos analisar mais pormenorizadamente este versículo. Ele mostra que a primeira característica dos tementes é “a crença no desconhecido”, nos entes e nas coisas que não são sentidos diretamente, como Deus. O indivíduo crê n’Ele por intermédio de Seus sinais, Suas criaturas, que demonstram a grandiosidade da Sua criação.

Ou seja, tudo aquilo que nos cerca indica a Sua existência, mesmo que a nossa vista não O alcance
e os nossos sentidos não O percebam. Para alcançá-Lo, parte-se de uma base racional, que determina que cada efeito tem a sua causa, até que se chegue a uma causa inicial, que não depende de outra. Quanto aos não tementes, eles só acreditam no que sentem e experimentam materialmente, agindo de acordo com as limitações do estímulo sensorial.
O verbo árabe “yu’minun” signifca “(eles) crêem”, sendo que o substantivo “iman”, da mesma raiz,
é a “crença”. Deus, o Altíssimo disse: “Porém, tu não crerás, ainda que estejamos falando a verdade[1]. Esse é o signifcado literal. Quanto à legislação, a crença é acreditar, com todos os sentidos, em
Deus, em Seus profetas, em Seus anjos, em Seus livros, na Ressurreição, no Paraíso e no Inferno.
O Imam Reda (que a paz esteja com ele) disse: “A crença é acreditar com o coração, confrmar com a língua e praticar os pilares.” Em outros termos: “Palavras ditas, atos praticados, reconhecimento mental e obediência ao Mensageiro.”
Quanto ao “desconhecido”, é tudo o que não vemos. No que diz respeito ao “conhecido e desconhecido”, são dois pontos opostos. O mundo conhecido é o
mundo sensorial e o mundo desconhecido é o mundo que está além do sensorial. A oposição entre os dois mundos é citada em vários versículos. Deus, o Altíssimo, diz: “Conhecedor do desconhecido e do conhecido. Ele é o Clemente, o Misericordioso”[2].

Depois de falar da crença no desconhecido, que é demonstrado pela crença em Deus, o Alcorão vincula isso ao lado prático, para fazer entender que a crença desejada no Islã não é a crença teórica, que vive apenas no pensamento do ser humano, mas é o que vive na alma, para ser liberado no campo da vida prática. “(…)
observam a oração”, ou seja, praticam-na com suas regras e obrigações, ou são assíduos em praticá-la. Portanto, a personalidade islâmica religiosa está baseada no aspecto ideológico da crença e também no aspecto prático, segundo o qual o ato religioso deve ser constante. Essa é a segunda característica dos tementes.

Vamos, agora, à terceira característica do mu’min, ou seja, do crente: “e gastam daquilo com que os agraciamos”. A graça é a concessão permanente. É o oposto da privação. Quanto a gastar, signifca extrair algum “benefício” de um “bem”. Observa-se que o Alcorão não diz “e gastam de seus bens”, mas diz: “e gastam daquilo com que os agraciamos”. Amplia assim o círculo dos gastos para abranger as dádivas materiais e abstratas. Os tementes não gastam apenas de seu dinheiro, mas gastam de seu tempo, de suas virtudes, de suas energias físicas, de sua posição social. Em outros termos, gastam de todas as suas capacidades em prol de quem deles necessita, sem esperar nenhuma contrapartida.
Num hadith do Imam Ja’far Ibn Mohammad Assádiq (a.s.) a respeito do signifcado do versículo “e gastam daquilo com que os agraciamos” , encontramos a explicação: “E espalham daquilo que lhes ensinamos”.

É notório que a narrativa não visa restringir o gasto à ciência, mas o Imam Asádiq (que a paz esteja com ele) deseja, ao citar este tipo de gasto, ampliar o seu signifcado, para que não se restrinja ao campo econômico, como parece para às pessoas, à primeira vista. Isso esclarece que o gasto citado pelo versículo amplia-se para abranger toda ajuda, sem contrapartida.

 

[1] . o Alcorão. 12:17

[2] . o Alcorão .59:22

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