A solução dos antigos persas para 'capturar o vento' e se refrescar no calor escaldante

14:06 - 2021/12/06

Do Antigo Egito ao Império Persa, um método engenhoso de capturar e dirigir o vento refrescou as pessoas por milênios. Na busca por refrigeração livre de emissões, o "captador de vento" pode vir nos ajudar novamente.

A cidade de Yazd, no deserto do centro do Irã, é, há muito tempo, um centro de criatividade. Yazd é o berço de uma das maravilhas da engenharia antiga — um sistema que inclui uma estrutura de refrigeração subterrânea chamada yakhchal, um sistema de irrigação subterrâneo chamado qanats e até uma rede de mensageiros chamada pirradazis, criado mais de 2.000 anos antes do serviço postal americano. Dentre as tecnologias antigas de Yazd, encontra-se o captador de vento, ou bâdgir, em persa.

Essas estruturas notáveis são comumente encontradas elevando-se sobre os telhados de Yazd. Muitas vezes, são torres retangulares, mas elas também existem em formato circular, quadrado, octogonal e em outros formatos ornamentados. Afirma-se que Yazd é a cidade com mais captadores de vento do mundo. Eles podem ter se originado no Antigo Egito, mas, em Yazd, o captador de vento logo se mostrou indispensável, possibilitando a vida naquela parte quente e árida do planalto iraniano.

Embora muitos dos captadores de vento da cidade do deserto tenham caído em desuso, suas estruturas estão agora chamando a atenção de acadêmicos, arquitetos e engenheiros, a fim de estudar o papel que eles poderiam desempenhar para nos manter refrigerados em um mundo em rápido aquecimento. Como os captadores de vento não precisam de eletricidade para funcionar, eles são uma forma de resfriamento verde e barata. Com o ar condicionado mecânico convencional já representando um quinto do consumo total de eletricidade do mundo, alternativas antigas como o captador de vento estão se tornando uma opção cada vez mais atraente.

Existem duas forças principais que dirigem o ar através das estruturas: a entrada do vento e a mudança da impulsão do ar dependendo da temperatura — o ar quente tende a subir sobre o ar frio, que é mais denso.

Primeiramente, quando o ar é captado pela abertura de um captador de vento, ele é canalizado para baixo até a construção, depositando eventuais fragmentos ou areia no pé da torre. O ar então flui ao longo de toda a parte interna da construção, às vezes sobre piscinas subterrâneas com água para melhor resfriamento. Por fim, o ar aquecido se elevará e deixará a construção através de outra torre ou abertura, com o auxílio da pressão no interior da construção.
A forma da torre e outros fatores — como o projeto da casa, a direção para onde a torre está voltada, a quantidade de aberturas, sua configuração de pás internas fixas, canais e altura — são todas adequadamente definidas para aumentar a capacidade da torre de canalizar vento para baixo, até o interior da construção.

A história do uso do vento para resfriar construções começou quase ao mesmo tempo em que as pessoas começaram a viver no ambiente quente dos desertos. Mas há quem defenda que o captador de vento foi inventado no próprio Irã. No clima quente e seco de Yazd, essas estruturas se tornaram cada vez mais populares, até que a cidade se tornou um oásis de altas torres ornamentadas em busca do vento do deserto. Yazd é uma cidade histórica que foi reconhecida como Patrimônio Mundial da Unesco em 2017 — em parte, pela sua grande quantidade de captadores de vento.
 

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