O Xiismo no Islam, os xiitas no califado do Moáwiya

17:30 - 2022/02/14

 Moáwiya proibiu até, todo e qualquer comentário ou reprodução de sermões (Ahádis) pronunciados por familiares do Profeta "Ahel Al-Bait" (que a paz esteja com eles), declarando que os infratores não teriam paz em suas vidas, ameaçando seus bens materiais, sua moral e sua honra... Indo além disse: ordenou fosse recompensado com prêmios em jóias preciosas todo aquele que lhe denunciasse um infrator.

O Xiismo no Islam, os xiitas no califado do Moáwiya

A Transferência do Califado para Moáwiya e sua Transformação em Reino Hereditário
Com o falecimento do "Príncipe do Crente" (as), o Califado e o Imamato passaram às mãos de seu filho primogênito Al-Hassan (que a paz esteja com ele), de acordo com o testamento do Imám Ali e a anuência do povo. E o Imám Al-Hassan (as) é considerado o 2o. Imám para os xiitas partidários dos doze Imames da linhagem do Profeta Mohamad (saws).
Entretanto, Moáwiya não se conformando com isso, preparou imediatamente o seu Exército, o qual dirigiu-o para o Iraque, sede do Califado, declarando guerra contra Al-Hassan Ben Ali (que a paz esteja com ele).

Entrementes, Moáwiya passou a corromper os companheiros do Imám Al-Hassan (as) de várias formas, gastando fortunas em dinheiro, a fim de atraí-los para junto dele e espionar o Imám (as), enfraquecendo-o até obrigá-lo abdicar de seu Califado a seu favor, com a condição do mesmo ser devolvido para Al-Hassan (as) após a morte de Moáwiya e que este último não interferisse no xiismo... e assim, o Califado passou para Moáwiya de acordo com uma série de condições que deveriam ser seguidas conforme o Alcorão e o Preceito (Sunna). E foi no ano 40 Hijrita (661 a.d.) que Moáwiya se apossou do Califado, fundando a dinastia dos Omíadas, indo para o Iraque, então sede do Governo, onde discursou para o povo:
- "Ó cidadãos de Kufa! Vós pensastes que eu vos combati porque quis forçá-los à oração, ao pagamento do donativo (Zacát) e à Peregrinação (Al-Hadj), quando eu sabia que vós praticáveis estes deveres?! Na verdade, eu vos combati para governar-vos, e esta é a determinação de Deus, mesmo contra a vossa vontade!..."
E disse mais em seu duro pronunciamento: - "... e todo sangue derramado numa batalha será aumentado se me contrariardes... e todo acordo assinado está debaixo dos meus pés!..." - Aludindo às condições impostas pelo Imám Al-Hassan (que a paz esteja com ele).

Moáwiya, com essa sua declaração pública, quis mostrar que pretende separar a política da religião, e não quer impor a ninguém normas religiosas, importando-lhe apenas o seu Governo e sua conservação. É evidente que este governo era um Reinado e não um Califado como sucessão do grandioso Profeta (saws).
Houve quem o cumprimentasse como rei, e aliás, ele mesmo se apresentava imponente nas suas reuniões solenes. Um reinado que se institui pela força, é hereditário e, como resultado, Moáwiya conseguiu a sua pretensão, nomeado seu filho Yazid como seu sucessor... E este jovem era um rapaz que não possuía boa índole e não tinha princípios religiosos, cometendo atos e crimes vergonhosos.

Moáwiya, pelo que foi dito acima, não queria que o Califado voltasse para o Imám Al-Hassan (que a paz esteja com ele). Seu pensamento era outro: queria que Al-Hassan (que a paz esteja com ele) fosse assassinado pelo veneno, o que foi feito, deixando assim, o caminho livre para seu filho Yazid[1]. Revogou então, o acordo feito com o Imám Al-Hassan (que a paz esteja com ele) e começou a perseguir os xiitas, sem tréguas, tirando-lhes a liberdade religiosa. Também neste particular, conseguiu seus objetivos. Moáwiya proibiu até, todo e qualquer comentário ou reprodução de sermões (Ahádis) pronunciados por familiares do Profeta "Ahel Al-Bait" (que a paz esteja com eles), declarando que os infratores não teriam paz em suas vidas, ameaçando seus bens materiais, sua moral e sua honra... Indo além disse: ordenou fosse recompensado com prêmios em jóias preciosas todo aquele que lhe denunciasse um infrator.

Ordenou ainda, que fosse vilipendiado, em toda parte, o nome do Imám Ali (as), e esta ordem durou com seus efeitos, até o Califado de Omar Ben Abdul Aziz (99 - 102 Hijrita > 715 - 717 a.d.). Muitos xiitas foram mortos pelas mãos de mercenários contratados por Moáwiya, dentre os quais foram vítimas, alguns dos Companheiros (Sahába), e as cabeças dos mortos eram levadas na ponta das lanças, de cidade em cidade, como prova de poder do Governante déspota que tinha por lema: Morte aos desobedientes!
 

O Xiismo no Islam, P 16 .Por Assayed Mohammad Hussein Al-Tabatabei.
 

[1] . Yazid Ben Moáwiya apreciava o deleite e o prazer íntimo, a vida de vizinhança, possuindo cães e macacos. Gostava de se embriagar com a bebida alcoólica agindo desenfreada e loucamente. Conta-se que ele possuía um macaco chamado Abu Qaiss, o qual o acompanhava onde que que ele fosse, inclusive na sala de audiência, tendo um lugar especial ao seu lado, confortavelmente almofadado, sempre vestido com seda vermelha.

 

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