Os xiitas são o segundo maior ramo de crentes do Islão, constituindo 16% do total dos muçulmanos. Os xiitas consideram Ali, o genro e primo do profeta Mohammad, como o seu sucessor legítimo.
Alguns pesquisadores modernos têm se empenhado em estudar o xiismo como um fenômeno acidental na sociedade islâmica, e em considerá-lo como um setor formado com o tempo no corpo da nação Islâmica, depois de acontecimentos e desenvolvimentos específicos que conduziram a uma formação intelectual e doutrinária particular numa parte deste grande corpo, parte que veio a crescer progressivamente.
Depois de terem produzido esta hipótese, estes pesquisadores divergem acerca dos acontecimentos e desenvolvimentos que teriam conduzido ao surgimento deste fenômeno, e o nascimento desta linha doutrinária. Alguns supõem que é Abdullah ibn Saba e sua almejada atividade política que se encontram na origem do Xiismo. Outros atribuem o fenômeno xiita à época do Califado do Imam Ali (A.S.) e a posição social e política que esta época criou no cenário dos acontecimentos. Outros ainda, presumem que o surgimento do xiismo se deveu a acontecimentos posteriores.
Se acredita que o que levou estes pesquisadores a crer, de modo incorreto, que o Xiismo é um fenômeno acidental na sociedade Islâmica é o fato de que os xiitas não constituem senão uma minoria no conjunto da comunidade Islâmica no começo do Islam.
Este fato fez com que cressem que a regra na sociedade islâmica era o não-xiismo, enquanto que o xiismo constituía a exceção e o fenômeno acidental, cujas causas faz-se necessário buscar no desenvolvimento da oposição à ordem estabelecida.
Porém, não é lógico tomar a maioria numérica e a minoria relativa como critério de distinção entre a regra e a exceção, entre a raiz e a derivação. Porque é errôneo qualificar como ortodoxia o Islam não-xiita, e tachar o Islam xiita de fenômeno acidental ou de cisma, baseando-se na maioria numérica.
Muitas vezes acontece que uma Mensagem (ou uma doutrina) seja objeto de dissidência entre seus adeptos, e que esta dissidência seja devida a uma disputa sobre a determinação dos aspectos desta Mensagem, e que os dois grupos discordantes sejam numericamente desiguais fazendo-se prevalecer por sua originalidade e sua representatividade da Mensagem que é o objeto de sua divergência.
Não nos é permitido de modo algum basear nossas concepções da divisão doutrinária no marco da Mensagem Islâmica, em Xiismo e não-xiismo, sobre o fato numérico.
Igualmente, não se deve assemelhar o nascimento da tese do Xiismo no Islam à aparição da palavra “xiita” ou “xiismo”, como termo que designa a um grupo determinado de muçulmanos, posto que o nascimento do termo e da expressão é uma coisa, e outra coisa é o nascimento do conteú- do, da tese e da corrente xiita.