Um estudo sobre Al Mahdi II

09:00 - 2022/08/09

-Deus quis que esse Guia Esperado não se manifestasse em público, nem descobrisse sua vida aos demais ainda que viva entre eles e espera com eles o momento prometido. 

Al-Mahdi não é então, apenas uma idéia da qual esperamos seu nascimento, nem uma predição de realização daquilo que aspiramos, mas sim, uma realidade que queremos viver e um homem de carne e osso que vive entre nós, que nos vê e em quem acreditamos, que vive nossas esperanças e nossas dores, que compartilha de nossas tristezas e de nossas alegrias, que assiste com inquietação os suplícios dos oprimidos e a miséria dos miserá- veis assim como as vítimas da injustiça, esperando impacientemente o momento propício que lhe será permitido estender a mão a todas as vítimas dos injustos, pondo término às injustiças.

Deus quis que esse Guia Esperado não se manifestasse em público, nem descobrisse sua vida aos demais ainda que viva entre eles e espera com eles o momento prometido. É evidente que a crença em Al-Mahdi, por seus aspectos Islâmicos, reduz o fosso metafísico entre as vítimas da injustiça e o Salvador Esperado, refazendo a ponte que as une a ele, qualquer que seja a duração da espera.
Quanto a nós, quando se pede para crermos em Al-Mahdi, enquanto homem determinado e vivo, que vive como nós vivemos e que espera como nós esperamos, surge entre nós a idéia de rechaço absoluto de toda injustiça e tirania, idéia que ele representa, e está efetivamente personificada pelo Guia Esperado, que ressurgirá sem haver prestado juramento de fidelidade a um injusto, como está mencionado no Hadith, e que crer nesse Guia Esperado é crer e ajustar o passo com esse indivíduo que vive na realidade.
Nos Ahadith, se incita constantemente à espera da salvação, e se recomenda àqueles que crêem em Al Mahdi a esperar sua reaparição, pois esta espera representa o íntimo laço espiritual entre os crentes e ele.
Tal laço não poderia existir se Al-Mahdi não se materializasse efetivamente sob sua forma de homem, vivo e contemporâneo. Assim, esta personificação deu um novo impulso à idéia de Al-Mahdi, tornando-a uma fonte de generosidade e de poderosa força. Por outro lado, todo contestador se sente consolado, aliviado e sossegado quanto às penas da injustiça que suporta, vê a seu Imam e Guia provar e compartilhar suas dores, como homem contemporâneo e vivo como ele, e não como uma mera idéia futura. Todavia, a personificação da idéia de AlMahdi ao mesmo tempo suscitou atitudes negativas nos indivíduos que tinham dificuldades em concebê-la. Eles se perguntam:

1. Se Al-Mahdi é a expressão de um homem permanentemente vivo através das gerações há mais de dez séculos, continuando assim até a sua manifestação, como explicar tal longevidade e como poderia escapar das leis naturais que impõem a todos os homens passar pela etapa da velhice e da senilidade num lapso de tempo muito mais curto, etapa que conduz irremediavelmente a morte? Tal longevidade é possível no plano da realidade?

2. Por que Deus zelaria tanto deste homem em particular, suspendendo nele a lei da natureza? Por que faria o impossível para prolongar sua vida guardando-a para o Dia Prometido? Acaso, a humanidade alcança tal esterilidade que lhe seja impossível produzir líderes competentes? Por que Deus não confiaria o Dia Prometido a um guia que nascesse nestes dias, que crescesse como todo o mundo e assim desempenharia seu papel até que preenchesse a Terra com justiça e igualdade, depois que esta estivesse repleta de injustiça e desigualdade?

3. Se Al-Mahdi é o nome de uma pessoa determinada, neste caso o filho do Décimo Primeiro Imam dos Ahlul Bait (A.S.), nascido no ano 256 da Héjira, alguns anos antes da morte de seu pai, em 260 da Héjira, isto significa que era uma criança de apenas cinco anos quando seu pai morreu, e que com esta idade não pôde receber do mesmo uma formação religiosa e intelectual completa, como pôde então completar sua formação com o fito de desenvolver intelectual, religiosa e cientificamente seu importante papel?

4. Se este Guia já estava formado e disposto a assumir sua missão, por que esperar centenas de anos? As calamidades e desastres sociais que o mundo conheceu não constituiriam uma razão suficientemente forte para que ressurgisse e fizesse reinar a justiça sobre a Terra?

5 . E ainda, se supormos que Al-Mahdi possa existir, como poderíamos crer nele? Pode o homem crer no fundamento de uma hipótese desse gênero, sem basear-se numa prova científica ou legitimamente incontestável? Alguns Ahadith atribuídos ao Profeta Mohammad (S.A.A.S.), dos quais não se conhece sua autenticidade, são suficientes para admitir a hipótese em questão? 6. Como conceber que se preparou para o Al-Mahdi esse colossal papel, determinante na vida do mundo, quando um indivíduo, por mais extraordinário que seja, não pode sozinho fazer a história nem levá-la a uma nova fase, sendo as circunstâncias objetivas e suas contradições que fazem amadurecer as sementes e atiçam a chama do movimento da história, e não a grandeza de um indivíduo, a qual não pode propor-se a ser mais que a fachada de tais circunstâncias e a expressão prática das soluções que estas necessitam? De que forma este indivíduo poderia realizar a considerá- vel transformação e a vitória decisiva da justiça e da mensagem da justiça sobre todas as entidades da injustiça, da desigualdade e da tirania, as quais possuem tanto poder e influência, e dispõem de outros tantos meios de destruição e aniquilamento, tantos recursos científicos, tanta autoridade política, social e militar?

Essas perguntas podem ser apresentadas amiúde, de uma forma ou outra. Seus verdadeiros motivos não são unicamente de ordem especulativa, mas também de ordem psicológica. O que as suscita é o conceito de realidade que prevalece no mundo e o sentimento de haver pouca chance de que se possa transformá-la radicalmente. E à medida que esta realidade que domina o nosso mundo suscita este sentimento em nós, as dúvidas se refor- çam e as interrogações se multiplicam. Assim, o sentimento de derrota, de obscuridade e fraqueza conduz o homem ao esgotamento psicológico desde que se disponha a pensar no processo de uma grande transformação, com o intuito de despojar o mundo de todas as condições e injustiças que promovem a destruição no decorrer da história, e dar-lhe um novo conteúdo, fundamentado no bem e na justi- ça. Dessa maneira, seu cansaço o induz a duvidar da possibilidade de ver esta grande transformação se materializar, e o impede de se esforçar em apoiá-la por uma razão ou outra. Mais adiante, responderemos, nos limites que esta breve exposição nos permita, a cada uma das perguntas anteriores.

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