Existiram motivações políticas, sociais e religiosas que incentivaram Hussain (A.S.) a iniciar o seu levante e revolução, e dessa forma enfrentar Yazid ibn Mu’awiyah. Jamais existiram motivos pessoais por parte do Imam Hussain (A.S.). Uma das primeiras motivações de sua revolução foi o desrespeito e as contradições em relação aos princípios e jurisprudências islâmicas.
Perdoar o Inimigo
É costume dos inimigos não perdoarem uns aos outros, a não ser raramente. Quando um dos lados é causador do problema, o perdão fica muito distante da realidade. O Imam Hussain (A.S.), porém, perdoou em Karbalá até quem foi motivo de seu acampamento naquele local, impossibilitado que ficou de se dirigir a Kufa, ou de retornar para Meca, sendo, em seguida, atacado pelos exércitos inimigos.
Hurr Ibn Yazid Ar Riáhi cercou Hussain (A.S.) e recusou todas as suas ofertas, como ir para Kufa, voltar para Medina ou seguir outro caminho, apesar de Hussain (A.S.) ter sido benevolente com ele, salvando-o e a seu exército de terem perecido de sede. Quando Hurr recobrou a razão e se arrependeu do que fez, pediu perdão a Hussain (A.S.). Suplicou-lhe que o perdoasse pelo crime que havia cometido. Hussain (A.S.) recebeu-o de braços abertos e aceitou a sua desculpa, dando-lhe as boas vindas e perdoando-o.
Além disso, prestou-lhe uma honrosa homenagem, depois de ter combatido a favor do Islã e defendido as leis islâmicas. Ele disse, fazendo-lhe o elogio fúnebre depois de cair como mártir. Em pé ao lado do corpo, falou o Imam (A.S.): “A sua mãe não errou ao dar-lhe o nome de Hurr, pois, você é livre neste mundo e feliz no Outro.”
Orientação e não derramamento de sangue
É costume dos revolucionários se excederem na vingança, aumentando a sede do derramamento de sangue dos inimigos. Preocupam-se apenas na matança. A Revolução de Hussain (A.S.), porém, não podia ter essa característica e carregar o peso da culpa. A Revolução de Hussain (A.S.) foi uma revolução orientadora e despertadora, principalmente para aqueles que foram enganados pelos tiranos. Por isso, Hussain (A.S.) recusou dar início à luta, apesar de ter sido muito aconselhado, admoestado, lembrado e advertido. Quando foi cercado por Hurr no caminho, Zuhair Ibn Alkain disse: “Ó, filho do Mensageiro de Deus, lutar contra esse é mais fácil do que lutar contra os que virão depois. Vamos ter que enfrentar o que não conseguimos derrotar.”
O Imam (A.S.) respondeu: “Não vou iniciar a luta.” Ele resolveu aconselhá-los, admoestá-los e fazer-se conhecer. A história nos informa que o Imam (A.S.) continuou orientando e exortando, lembrando e advertindo durante todo o tempo do levante, desde a sua saída de Medina até os últimos instantes de sua nobre vida e antes de seu martírio.
A história registra todas as suas admoestações, seus sermões e suas palavras aos indivíduos e às comunidades, o que demonstra que ele não economizou empenho, nem meios para despertar, instruir, orientar e guiar, com a esperança de fazer a comunidade assumir as suas responsabilidades religiosas e políticas, evitando o derramamento de sangue. Até quando foi obrigado a lutar, ele só o fez em defesa própria, contentando-se com o necessário, sem desejar o sacrifício vão das pessoas.