Mais de 125 mil muçulmanos da comunidade rohingya fugiram de Myanmar, antiga Birmânia, nos últimos dias. Os recentes combates entre militares das Forças Armadas e do Exército de Salvação do Estado Rohingya causaram mais de 400 mortos e destruíram milhares de casas. O conflito está a gerar um êxodo de dimensões preocupantes. A ONU e várias organizações internacionais condenam o confito e denunciam assassínios e violações de civis, que estão a levar à fuga da população, em especial da etnia rohingya, para o Bangladesh.
A guerra e a crise humanitária no estado de Rakhine, no noroeste do país, agrava-se. Essa é uma região onde viviam cerca de 1 milhão de rohingya, minoria com raízes centenárias em Myanmar, alvo de uma crescente discriminação desde a onda de violência de 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou 120 mil rohingya confinados a 67 campos de deslocados.
Devido à instabilidade e à perseguição governamental, muitos fugiram desde essa altura para o Bangladesh, onde vivem entre 300 mil e 500 mil rohingyas. Aí são considerados forasteiros e só cerca de 32 mil têm estatuto de refugiados.
A União Europeia exigiu esta terça-feira pleno acesso, sem restrições, da ajuda humanitária à etnia muçulmana rohingya em Myanmar. O comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianides, defendeu em comunicado que o acesso total da ajuda humanitária "é fundamental" para chegar a 350 mil pessoas em situação precária no estado de Rakhin.
A líder do Governo de Myanmar, Aung San Suu Kyi, criticou esta quarta-feira o "icebergue de desinformação" em torno da crise dos muçulmanos rohingya, quebrando pela primeira vez o silêncio sobre o assunto.
"Este tipo de informação falsa é apenas a ponta de um enorme icebergue de desinformação", declarou a prémio Nobel da Paz. Suu Kyi assegurou que "protegerá" os direitos de "todas as pessoas" do país.
O conflito mais recente começou a 25 de agosto quando um milhar de efetivos do Exército de Salvação do Estado Rohingya atacou cerca de 20 postos governamentais no estado de Rakhine, gerando resposta dos militares.1
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