Islã e liberdade pessoal

14:10 - 2021/05/22

-A segunda questão que os secularistas e liberais nos confrontam é a da liberdade pessoal: "Não sou livre para fazer o que quiser, contanto que não invada os direitos dos outros?"
 

 Islã e liberdade pessoal

Uma questão que os secularistas e liberais nos confrontam é a liberdade pessoal: "Não sou livre para fazer o que quiser, contanto que não invada os direitos dos outros?"
Parece que será muito útil apontar a principal diferença entre o Islã e a ideia secular e liberal de liberdade pessoal.
No sistema secular, os direitos são divididos em dois: direitos individuais e direitos da sociedade. Uma pessoa é livre para fazer o que quiser, desde que não invada os direitos dos outros. Para se tornar um membro aceitável da sociedade, você precisa aceitar essa limitação de sua liberdade. A liberdade individual é restringida apenas pela liberdade dos outros.

O Islã, por outro lado, divide os direitos em três: direitos de indivíduo, direitos da sociedade e direitos de Deus. Uma pessoa é livre para fazer o que quiser, desde que não viole os direitos das outras pessoas e de Deus. Para se tornar um muçulmano, é preciso aceitar essa limitação de sua liberdade pessoal.

Uma diferença mais importante é no conceito de direito individual. No uso secular, os direitos individuais são vistos em contraste com os de outros membros da sociedade. O Islã coloca um passo além disso e diz que mesmo o corpo de um indivíduo tem alguns direitos sobre a própria pessoa. Em outras palavras, o Islã responsabiliza as pessoas pelo uso de seus próprios corpos. Você não tem permissão para abusar de seu próprio corpo ou prejudicá-lo. Deus diz: “Não sigas (ó humano) o que ignoras, porque pelo teu ouvido, pela tua vista, e pelo teu coração, por tudo isto será responsável!”[1]

E Ele diz: “Dia virá em que suas línguas, suas mãos e seus pés testemunharão contra eles, pelo que houverem cometido”.[2] E também disse: “Neste dia, selaremos as suas bocas; porém, as suas mãos Nos falarão, e os seus pés confessarão tudo quanto tiverem cometido”.[3]
Imam Zain ul Abidin, descreveu os direitos da língua, os ouvidos, os olhos, os pés, as mãos, o estômago e as partes sexuais de uma pessoa que têm sobre si mesma. Se uma pessoa maltratar ou abusar de seu corpo, então ela é culpada de infringir os direitos de seu próprio corpo e também os direitos de Deus, que nos deu o corpo como uma benção.
Deus diz no Alcorão: “É certo que prosperarão os fiéis, ... Que observam a castidade, Exceto para os seus cônjuges ou cativas - nisso não serão reprovados”.[4]
No Islã, os direitos do indivíduo não são limitados apenas pelos direitos da sociedade, mas também pelo seu próprio corpo e por Deus. A justificativa para isso é muito simples: o Islã não permite que uma pessoa prejudique ou destrua a si mesma; isso e pecado e o pecado ou imoralidade é um meio de perdição. Esta limitação é baseada no amor e preocupação que Deus, o Compassivo, sente por nós.
Deus disse no Alcorão: “Deus não deseja impor-vos carga alguma; porém, se quer purificar-vos e agraciar-vos, é para que Lhe agradeçais”.[5]

O conceito islâmico de liberdade pessoal pode parecer restritivo quando seja comparado ao do sistema secular, mas sua racionalidade e justificativa são aceitas, de forma indireta, até mesmo pela sociedade secular. As consequências lógicas da ideia secular de liberdade pessoal é que uma pessoa pode fazer o que quiser de si mesma; a única limitação é que você não infringe os direitos de terceiros.

Mas o Ocidente não tem conseguido engolir totalmente essa ideia, como pode ser visto nas leis que impõem restrições a certos atos, como por exemplo, o suicídio ou o uso de entorpecentes e também o uso obrigatório do cinto de segurança nos veículos. Ao usar entorpecentes, o viciado não viola os direitos de outras pessoas.

Obviamente, o significado de infringir os direitos dos outros se estende para incluir valores espirituais que não fazem parte da secular, mas mesmo, as sociedades ocidentais consideram isso ilegal e implementam medidas para prevenir os viciados de consumir drogas. Isso se justifica dizendo que é dever da sociedade evitar que seus cidadãos se machuquem.

Nestes exemplos, vemos que o sistema secular está se afastando das consequências lógicas de sua versão de liberdade individual. A única diferença que permanece entre o ponto de vista secular e islâmico é que o primeiro atribui o direito de limitar a sociedade, enquanto o Islã o dá a Deus.

Concluindo, podemos dizer que o ponto de vista islâmico, proíbe não apenas atos que violem os direitos dos outros, mas também aqueles que violem os direitos do próprio corpo. Este ponto de vista se baseia no amor e na preocupação que Deus tem.

 

[1] Alcorão sagrado. C.17, V.36.

[2] Alcorão sagrado. C.24, V.24.

[3] Alcorão sagrado. C.36, V.65.

[4] Alcorão sagrado. C.23, V.5-6.

[5] Alcorão sagrado. C.5, V.6.

 

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