Ashura; Além de um martírio I

13:09 - 2021/08/23

A rebelião do Imam Hussein (A.S) nasceu como um gesto de legítima insatisfação devido a transformação da sucessão do califado islâmico para reinar, por herança, pois Mu'áwiyah Ibn Abi Sufiyán, que nomeou seu filho Yazid como seu sucessor, quebrando assim vários valores da nação islâmica, e violando as condições que o Imam Hassan (A.S) havia imposto a ele ao desistir do poder, em um ato que visava proteger a união da nação islâmica.
 

Em relação à comemoração da Ashura, é muito importante trazer alguns esclarecimentos, de forma a evidenciar o espírito e o significado da mesma, bem como as mensagens que dela decorrem.
Desde o martírio do Imam Hussein (AS) em Karbala, este evento tem sido comemorado pelos seguidores da escola xiita ou jafarita, quase exclusivamente.

É preciso lembrar que a rebelião do Imam Hussein (AS) nasceu como um gesto de legítima insatisfação devido a transformação da sucessão do califado islâmico para reinar, por herança, pois Mu'áwiyah Ibn Abi Sufiyán, que nomeou seu filho Yazid como seu sucessor, quebrando assim vários valores da nação islâmica, e violando as condições que o Imam Hassan (AS) havia imposto a ele ao desistir do poder, em um ato que visava proteger a união da nação islâmica.

Antes, o califado ou a sucessão era um ato que merecia - de fato - uma aclamação de boa parte dos muçulmanos, principalmente dos companheiros próximos e fiés do Profeta (S.A.A.S). Além disso, o califa sucessor deveria ser um Companheiro do Profeta que desfrutou de um excelente histórico, iluminado pelos valores mais elevados que o Islã prega, e um fervoroso praticante, defensor e vigilante dos mandamentos de Deus, incluindo igualdade e justiça.

No caso da nomeação de Yazid, isso foi totalmente quebrado, sendo uma pessoa conhecida por seu desrespeito aos valores do Islã. Assim que assumiu o poder, herdado de seu pai, sua atuação foi caracterizada por: injustiça, opressão, tirania, arrogância, banalidade e declínio dos valores e mandatos do Islã.

O Imam Hussein não poderia, neste cenário, aceitar a aclamação de Yazid, muito menos considerando sua posição (a de Imam Hussein (A.S)) proeminente na nação, como neto do Profeta (S.A.A.S), como filho do Imam Ali (A.S), como futuro Príncipe da Juventude do Paraíso, e como máximo expoente e guia religioso -de seu tempo- da nação.

Embora o Imam Hussein (AS) inicialmente tenha se conformado em não se juntar à aclamação de Yazid, ele subsequentemente teve que confrontá-la, por duas razões básicas: (1) Yazid queria forçá-lo a expressar sua aclamação e o ameaçou - caso não - com a morte, e ( 2) os cidadãos de Kufah pediram ao Imam Hussein - por meio de milhares de cartas - que ele se proclamasse o califa legítimo e ofereceram-lhe todo o apoio necessário para materializar essa proclamação. A primeira razão é devido ao que foi explicado acima, enquanto a segunda é uma razão convincente que responde ao "sharee'ah".

Se o Imam recebê-se o apoio necessário para ser aclamado como o líder da nação, na presença de um governante que se desviou totalmente dos valores e mandatos islâmicos, e na ausência de outra pessoa que poderia assumir a liderança como a do Imam, então este Imam (neste caso Hussein (AS)), seria obrigado, do ponto de vista da jurisprudência ("sharee'ah"), a responder positivamente à proclamação.

Uma conclusão importante segue disso, que é que o Imam Hussein não se rebelou contra Yazid que buscava poder ou autoridade, respondendo a uma ambição pessoal, como alguns alegam. Se fosse esse o caso, Hussein, vendo que finalmente estava enfrentando um exército inteiro de milhares de homens, enquanto ele estava com apenas cerca de 70 pessoas, teria salvado sua vida atendendo à demanda de Yazid e esperando por outro momento mais oportuno para atingir seu suposto objetivo de assumir o poder.

No entanto, a história é testemunha de que o Imam Hussein preferiu se conduzir de uma forma muito consciente e determinada em direção ao martírio pela justiça e ao sacrifício para resgatar os valores do Islã.
O martírio do Imam Hussein em Karbala ficou para a história como um evento que transcende um simples confronto entre Yazid, por um lado, e o Imam Hussein e seus companheiros, por outro. a sociedade.

 Este evento acendeu uma chama que continua e continuará iluminando a história, passado e futuro, inspirando revoluções do bem contra o mal e dos oprimidos contra os tiranos.

O melhor exemplo é o de Gandhi, que disse: “Aprendi com Hussein como - sendo oprimido - obter a vitória” e “Se a Índia deseja obter a vitória, só precisa se inspirar na vida e no martírio do Imam Hussein.”

Antoine Bara, um intelectual cristão, disse: “Se Hussein fosse um de nós, teríamos hasteado uma bandeira e um púlpito para ele, em todos os lugares, e teríamos pregado o cristianismo em seu nome”.

Assim, o martírio do Imam Hussein transcendeu de um simples evento a uma chama que ilumina e inspira a humanidade, em todas as suas idades. Com isso, é importante ressaltar que a comemoração deste tão importante e nobre acontecimento não deve se limitar aos xiitas, mas a todos os muçulmanos do mundo. Lembremos que, quando esse evento ocorreu, não havia separação da nação islâmica em xiitas e sunitas; aconteceu alguns séculos depois.

 Na verdade, a narração do evento aconteceu em muitos, muitos textos de ulamãs considerados sunitas. Mesmo muito do que é lido nas sessões de comemoração são estraidos do livro de Tabari, um sábio sunita. Além disso, lembremos que entre os companheiros do Imam Hussein que voluntariamente decidiram se sacrificar juntos com ele, e por ele, estavam Zuhair, que foi reconhecido como um muçulmano não "alawita", e "Wahab", que era um cristão.

Plain text

  • Tags HTML permitidas: <a> <em> <strong> <span> <blockquote> <ul> <ol> <li> <dl> <dt> <dd> <br> <hr> <h1> <h2> <h3> <h4> <h5> <h6> <i> <b> <img> <del> <center> <p> <color> <dd> <style> <font> <u> <quote> <strike> <caption>
  • Endereços de páginas web e endereços de email são transformados automaticamente em ligações.
  • As linhas e os parágrafos quebram automaticamente.
9 + 7 =
Solve this simple math problem and enter the result. E.g. for 1+3, enter 4.