A justiça social do Imam Ali (que a paz esteja com ele) é única de duas maneiras. Primeira, sua visão é consistente com sua fé como um homem que não se desviou da justiça, do julgamento e da consciência. Em segundo lugar, como chefe de um governo e de uma grande comunidade multinacional, ele colocou em prática as ideias de justiça social dentro da estrutura da religião do Islã.
A visão de Imam sobre justiça social é bastante diferente de muitos outros pensadores que falaram e teorizaram séculos depois. Teorias do direito natural, que são a base das teorias da justiça social entre os pensadores ocidentais, com base nos contratos sociais e individuais entre os indivíduos. Nos primeiros dias de seu governo, ele disse ao povo:”têm uma responsabilidade e têm direitos, até mesmo ao animal e à terra.”
Portanto, para o Imam Ali (que a paz esteja com ele) é difícil separar a justiça social da justiça econômica ou da justiça política e administrativa, porque o título de justiça social abrange todas essas dimensões de forma abrangente. De acordo com o Imam Ali (que a paz esteja com ele), “Justiça é vida”e “Justiça é o sistema de governo”.
Um dos documentos históricos mais importantes no conceito e na política de justiça social é a ordem do Imam Ali (que a paz esteja com ele) para Malik Ashtar, o governador do Egito. Na história política, não há documento que descreva o governo com tanto detalhe e precisão, no discurso e a política de justiça social com tanta beleza e eloquência.
Este decreto enfoca a justiça social e suas quatro dimensões, que são: teocracia, democracia, mérito e burocracia. Nesta carta, ele diz a Malik Ashtar: “Ouça os gritos dos crentes e tenha medo de sua raiva, que é um exemplo da ira de Deus”.[1] Aqui, a democracia e a teocracia da justiça social são muito claras, a Responsabilidade e a prestação de contas a Deus e ao povo é a base do governo islâmico.
Do ponto de vista do Imam Ali (que a paz esteja com ele), justiça social é equivalente em igualdade em condições legais iguais e não em condições desiguais em que a discriminação ocorreu. A justiça é direito de todo proprietário legítimo, uma sociedade em que privilégios imaginários são inválidos.
A base da justiça social do Imam Ali (que a paz esteja com ele) é a justiça absoluta. Portanto, o Príncipe dos Crentes, Imam Ali (que a paz esteja com ele) estava na mesquita no segundo dia de seu governo e expressou sua política da seguinte forma: “Levem em consideração que todas as terras e as propriedades que Uthman(o terceiro califa) deu injustamente, voltarão ao tesouro público, porque o passar do tempo não destrói a verdade. Se eu conseguir esses bens, mesmo que tenham sido dados em dote ou negociados nas cidades, eu os devolverei todos. Porque a justiça é ampla e serena e para aqueles que considerá-la uma justiça e respeitar os direitos, oprimir será, sem dúvida, mais difícil para ele.”
Dessa forma, delineou sua política, que se baseava na justiça abrangente e convergente. O princípio de justiça social de forma que fala o Imam Ali (que a paz esteja com ele) é o princípio de que todos os muçulmanos, apesar das diferenças culturais, linguísticas, raciais e geográficas, são iguais. O governo divino e a lei são os mesmos. Nem os árabes são superiores aos não árabes, nem os especiais sobre o povo comum, nem o chefe de estado sobre o empregado. Assim, Imam Ali (que a paz esteja com ele) transforma o conceito de justiça social da palavra que ele fez e o coloca em prática.
[1] Nahj al-Balagha, CARTA 53