-A clássica seleção de sermões, cartas e ditos do Imam Ali ibn abi Taleb (que a paz esteja com ele), o Príncipe dos Fiéis, compilada pelo grande sábio Sharif al-Radhi. Esta obra é a segunda mais importante na literatura ética-moral islâmica, ficando atrás apenas do Alcorão Sagrado, e é um retrato fiel do caráter, eloquência e grandiosidade do Imam Ali (que a paz esteja com ele).
Cita o atributo da onisciência de Deus, aconselha o temor a Deus, esclarecendo a grandiosidade do Islã e do Alcorão.
"Deus sabe dos rugidos dos animais selvagens das florestas, dos pecados cometidos em solidão, da movimentação dos peixes nas profundezas dos mares e da elevação das águas pelos ventos de tempestade. Presto testemunho de Mohammad (saas) é da escolha de Deus, o arauto de sua revelação e o mensageiro de sua misericórdia.
O temor a Deus
Então, eu vos aconselho a temerdes a Deus. Que vos criou pela primeira vez; para Ele será o vosso retorno, com ELE está o sucesso de vossas metas, com ELE terminam os vossos desejos, para ELE se dirige o caminho da retidão e ELE é a mira dos vossos temores ( na busca de proteção).
Em verdade, Deus é o remédio para os vossos corações, a luz para a cegueira de vossos espíritos, a cura para vossos corpos, a retificação para os males dos vossos peitos, a purificação para a poluição de vossas mentes, a claridade para a escuridão dos vossos olhos, a consolação para os temores dos vossos corações e o esplendor para a penumbra de vossa ignorância. Por conseguinte, fazei da obediência a Deus o vosso modo de vida não a vossa capa exterior; fazei disso o vosso hábito interior, não apenas uma rotina externa, boa o suficiente para entrar pelas vossas costelas (até o coração), o guia para todos os vossos assuntos, o lugar irrigado para vos deitardes (no dia do juízo), o intercessor para a obtenção de vossas metas, asilo para o dia de vosso medo, a candeia pra o interior dos vossos túmulos, companhia para a vossa longa solidão e o livramento das atribulações das vossas moradas.
Ademais, eis que a obediência a Deus é a proteção contra as calamidades abrangentes, os perigos esperados, as chamas abrasadoras. Portanto, as atribulações ficarão longe daquele que nutrir temor a Deus, após terem estado bem perto, os assuntos se tornarão doces depois de terem sido amargos, as ondas (dos sofrimentos) se afastarão dele após o haverem coberto, as dificuldades se tornarão facilidades após terem se abatido sobre ele, as chuvas generosas cairão para ele após ter ávida fome, a misericórdia se curvará sobre ele após ter estado relutante, os favores (de Deus) fluirão para ele após terem estado estagnados e as bênçãos descerão sobre ele em torrentes após haverem sido parcimoniosas.
Então, temei a Deus, que vos beneficia com seus bons conselhos, e os prega através de seu Profeta (saas) e vos obsequia com os seus favores. Devotai-vos ao culto a Deus e conduzi-vos na obrigação de obedecerdes a ELE.
A grandiosidade do islã
Este islã é a religião que Deus escolheu para si próprio, a evoluiu perante os seus olhos, escolheu-a como o melhor dentre a sua criação, assentou-lhe os pilares sobre o seu amor. Fez cair em desgraça as outras formas de crença, dando honra a ele (o Islã). Humilhou todas as comunidades perante a sublimidade dele, esmagou seus inimigos com sua benevolência e tornou solitários os seus oponentes por lhe dar o seu apoio. Fragmentou os pilares do extravio com as colunas do Islã.
Matou a sede do sedento com suas cisternas e as encheu mediante os aguadeiros (do Islã).
Instituiu o Islã de tal forma consistente, que as suas partes constituintes não se podem romper, seus elos não se podem separar, sua construção não pode ruir, suas colunas podem se deteriorar, desenraizada não pode ser sua fundação, seu tempo não termina, suas leis não expiram, sua facilidade não muda para dificuldade, sua claridade não é afetada pela penumbra, sua retidão não adquire tortuosidade, seu madeiramento não tem empenamento, seus amplos caminhos não têm estreiteza, sua candeia não conhece o apagar-se e sua doçura não tem amargor. Ele se constitui de colunas cujas bases Deus tem fixou sobre verdades e cuja fundação endireitou, de fontes cujos cursos cristalinos estão sempre transbordantes, de candeias cujas chamas são plenas de luz, de minaretes por meio dos quais o caminho é encontrado e de locais cheios de água que proporcionam o precioso líquido para quem a eles se dirige.
Deus colocou no Islã o ápice do seu aprazimento, o pináculo dos seus pilares, a proeminência da obediência a ELE.
Perante Deus, portanto, suas colunas são fortes, sua construção é imponente, suas explanações são brilhantes, seus fogos estão ativados, sua autoridade é consistente, seus minaretes são imponentes e sua destruição é difícil. Devereis por isso honrá-lo, segui-lo, cumprir as obrigações lhe dar a posição que lhe é devida.
O advento do Profeta
Deus instituiu Mohammad (saas) com a verdade, num tempo em que a destruição do mundo estava próxima e a outra vida estava às portas, quando o seu brilho se transformava em penumbra, após ter resplandecido, tornara-se difícil para os seus habitantes, sua superfície se tornara escabrosa e sua decadência se aproximara. Isso aconteceu durante a exaustão da sua vida, com o surgimento dos sinais (de sua decadência), a ruína de seus habitantes, a quebra dos elos da corrente, a dispersão dos assuntos, a deterioração dos seus sinais, a divulgação das suas questões secretas e o encurtamento de sua duração.
Deus tornou o Profeta (saas) responsável pela disseminação da sua Mensagem, pela honra do seu povo, pelo período de aperfeiçoamento para os homens de sua época, pela fonte de dignidade para os que o apoiassem e pela honra dos que o auxiliassem.
O Alcorão Sagrado
Então Deus lhe enviou o Livro como uma luz cujas chamas não podem ser apagadas, uma candeia cujo brilho não se extingue, um oceano cujas profundezas não podem ser sondadas, um caminho cuja direção não pode extraviar, um raio cuja luz não escurece, um separador (do bem e do mal) cujos argumentos não enfraquecem, um expositor cujos pilares não podem se desfeitos, uma cura que não deixa apreensão quanto a doença, uma honra cujos apoiadores não são derrotados e uma verdade com a qual os auxiliares não são abandonados. De modo que o Livro é uma mina de crença e o seu centro, a fonte do conhecimento e o seu oceano, a plantação da justiça e a sua irrigação, a pedra fundamental do Islã e a sua construção, o vale da verdade e suas planícies, um lago cujos aguadeiros não pode esvaziar, um rio cuja água os açudes não podem fazer secar, um local aquoso que não pode ser exaurido por aqueles que para ele vão em busca de água, um lugar de estada em direção ao qual os viajantes se desviam (do rumo traçado), um sinal que nenhum rastreador deixa de ver e um planalto que não pode ser ultrapassado por aqueles que dele se aproximam. Deus o tornou o mitigador da sede do erudito, a perfeição para os corações dos juristas religiosos, a estrada para as sendas da retidão, a cura após a qual não há doença, o fulgor com o qual não há escuridão, a corda cuja amarra é forte, a fortificação cuja extremidade é invulnerável, a honra para quem a ama, a paz para quem o adentra, a diretriz para quem o segue, uma prova para quem o adota, um argumento para quem debate, testemunha para quem discute, um sucesso para quem argumenta, um portador do encargo para quem o ouve, um veículo para quem age segundo ele, um sinal para quem busca o caminho, um escudo para quem se arma(contra o extravio), conhecimento para quem o escuta cuidadosamente, um narrador digno para quem ouve o seu relato e um veredicto final para quem estabelece julgamentos."