Tawil no Alcorão Sagrado

15:09 - 2023/04/01

- Não há prova de que exegese indique um sentido diferente do literal e que, nos versículos alcorânicos que mencionam o termo exegese, o sentido literal não seja o propósito expresso. Em três ocasiões na história de José, a interpretação de seu sonho é chamada de “ta’wil”. É evidente que a interpretação de um sonho não é fundamentalmente diferente da aparência do sonho; é a interpretação do que é retratado numa forma particular no sonho.

Tawil no Alcorão Sagrado

Tawil no Alcorão Sagrado

No Alcorão Sagrado lemos que José viu seu pai, sua mãe e seus irmãos no chão na forma do sol, da lua e das estrelas. De modo semelhante, o Faraó viu os sete anos de seca na forma de sete vacas magras que comiam sete vacas gordas e também, as sete espigas verdes e as sete espigas secas. E da mesma maneira, os sonhos dos dois companheiros de José na prisão; um viu a si mesmo servindo vinho ao Faraó (na forma de estar espremendo uvas), enquanto o segundo viu a si mesmo crucificado (na forma de se ver levando uma cesta de pães na cabeça, que era picada por pássaros). O sonho do Faraó é relatado na mesma sura, no versículo 43, e sua interpretação é anunciada por José,

nos versículos 47 a 49, quando ele diz, “Semeareis durante sete anos, segundo o costume, e do que colherdes deixai ficar tudo em suas espigas, exceto o pouco que haveis de consumir, então virão, depois disso, sete (anos) estéreis, que consumirão o que tiverdes colhido para isso, menos o pouco que tiverdes poupado. Depois disso virá um ano, no qual as pessoas serão favorecidas com chuvas, em que espremerão (os frutos)” (C. 12 - V. 47 a 49).

Os sonhos dos companheiros de José na prisão são citados no versículo 36 da mesma sura. Um dos jovens diz a José, “Sonhei que carregava uma cesta de pães sobre minha cabeça, que era picada por pássaros”. A interpretação do sonho é relatada por José no versículo 41, “Ó meus companheiros de prisão, um de vós servirá vinho a seu rei e o outro será crucificado, e os pássaros picar-lhe-ão a cabeça...”.

Numa forma semelhante, Deus relata a história de Moisés e de Khidr2 no capítulo 18 (al Kahf) versículos 71 a 82. Khidr faz um buraco no casco dos barcos; em seguida, assassina um jovem e, finalmente, restaura um muro arruinado. Após cada evento, Moisés protestava e Khidr explicava o sentido e a realidade de cada ato executado seguindo ordens de Deus, a isso ele chamou de “ta’wil”. Portanto, fica evidente que a realidade do evento e da imagem do sonho que retratava o evento era basicamente a mesma: o “ta’wil” ou interpretação, não possuindo um sentido diferente do aparente.

Deus também diz, mencionando os pesos e medidas, “E quando instituirdes a medida, fazei-o corretamente, pesai na balança justa, porque isto é mais vantajoso e de melhor consequência”. (Isto é, mais conveniente na determinação final do Dia do Acerto de Contas) (C.17 – V.35) É óbvio que o termo ta’wil empregado aqui a respeito da medida e do peso se refere ao trato justo nas práticas comerciais. Assim, o ta’wil empregado desse modo não é diferente do sentido literal das palavras “medida” e “peso”, somente aprofunda e expande o significado mundano para incluir a dimensão espiritual. Essa dimensão espiritual possui significado para o crente que tem em mente o ajuste de contas no dia final em conjunto com o seu ajuste de contas cotidiano nos assuntos comerciais.

Em outro versículo, Deus novamente emprega o termo ta’wil, “Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Deus e Seu Mensageiro... porque isso vos será preferível e de melhor resultado”. (C.4 – V.59) Está evidente que o sentido de ta’wil e a referência da disputa a Deus e a Seu Mensageiro é para estabelecer a unidade na sociedade e para demonstrar como cada ação ou evento numa comunidade possui um significado espiritual. Assim, o ta’wil se refere a uma realidade ordinária tangível e não está em oposição ao texto nos versículos que se referem à disputa.

Ao todo, existem seis ocasiões no Alcorão em que o termo ta’wil é empregado, porém, em nenhuma ocasião possui um sentido diferente ao do texto literal. Podemos dizer, que o termo ta’wil é utilizado para ampliar a ideia expressa até incluir um sentido adicional que, (como ficará claro na próxima seção) ainda está de acordo com a palavra “ta’wil” que ocorre no versículo. Portanto, considerando esses exemplos, não há razão alguma para que entendamos o termo ta’wil no versículo sobre o sentido explícito (muhkam), implícito ou “mutashabih” com o propósito de indicar um sentido basicamente diverso do aparente.

Também vejam: O significado de exegese no Alcorão, segundo os Comentadores e Eruditos Tawil no Alcorão Sagrado

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