Interpretação do Alcorão -Fátiha VII

09:24 - 2021/11/08

A adoração das pessoas ao mundo se dá com o fato de sua permanência nele, dando-lhe o atributo de deus na sua submissão absoluta a todas as suas paixões e necessidades, como se fossem o mundo e suas coisas deuses a serem adorados.

Interpretação do Alcorão

Interpretação exemplar do Alcorão Sagrado,Sura Fátiha, parte 8

Damos continuidade, nesse número de Evidências, às explicações quanto à Surata de Abertura do Alcorão Sagrado, analisando cada um de seus sete versículos de Surat  Fátiha.
3. O Clemente, o Misericordioso.

4. Soberano do Dia do Juízo.
Este versículo chama a atenção a uma crença fundamental do Islã, considerada um dos seus pilares, que é a crença no Dia da Ressurreição. Com ele, completase o eixo do princípio e do fim, que interpreta a base de toda reforma moral e social da existência humana.
O termo “soberano” é pronunciado como “máliki”, tendo o mesmo sentido quando dizemos “fulano é máliki (proprietário) deste pomar”. E lê-se também “maliki” (sem acentuação), como na frase: “maliki alyunan”, ou seja, “rei dos gregos”, no sentido de governo e autoridade. A primeira leitura, porém, é mais usada. Quanto à primeira leitura (Málik) o termo é atributo, e quanto à segunda leitura, (malik) é título.
No que tange ao termo “din”, este possui muitos significados, entre os quais “recompensa” e “castigo”. Por exemplo: “Como te conduzes, serás julgado”.
Este significado coaduna com a posição específica do julgamento divino dentro da Religião Islâmica, segundo a qual cada alma terá, no Dia do Juízo Final, a recompensa ou o castigo merecido e será julgada de acordo com o que tiver realizado na terra, não sendo possível um ser humano pagar pelo pecado cometido por outro .
5. Só a Ti adoramos e só de Ti imploramos ajuda.

Neste versículo, o sentido da Surat muda, pois começa a prece e a súplica do servo para o seu Senhor. Os versículos anteriores falam sobre a unicidade de Deus e de Seus atributos. Esses versículos expressam a intenção do servo de dedicar seus rituais e seus atos somente a Deus.
Nesse trecho, a ênfase é dada sobre a dedicação e a adoração somente a Deus. Por isso, o objeto direto é antecipado (“iyaka”, isto é, “somente a Ti”) sobre o verbo (isto é, “na’budu”, ou “adoramos”) e o sujeito oculto, representado na expressão “a Ti adoramos” e “de Ti imploramos ajuda” (isto é, “nasta’in”).
Essa particularidade é a restrição indicada pela preferência do predicado sobre o verbo, para que o significado seja a restrição da adoração somente a Deus, do pedido de ajuda somente a Ele, expressando-se, assim, o monoteísmo prático que é a incorporação real do monoteísmo intelectual e ideológico. Não é suficiente, no Islã, como em todas as Mensagens monoteístas, que o homem viva a crença no âmbito formal. Ele deve vivê-la no seu âmbito prático.
Porém, qual é o significado de “adoração”?
Filologicamente falando, a adoração implica em três significados:
1º - A obediência. A esse respeito, Deus, exaltado seja, diz: “Porventura não vos prescrevi, ó filhos
de Adão, que não adorásseis Satanás, porque é vosso inimigo declarado?” (36:60). O adorar a Satanás, ato proibido por Deus no versículo sagrado, é o mesmo que o “obedecer”.
2º - A submissão e a humilhação. A esse respeito, Deus diz: “E disseram: Como havemos de crer em dois homens como nós, cujo povo nos está submetido?[1]”, ou seja “submetidos” e “humilhados”.
3º - A divinização. A esse respeito, Deus diz: “Dize: Tem-me sido ordenado adorar a Deus e não Lhe
atribuir parceiros; só a Ele imploro, e para Ele será o meu retorno![2]” . Este último significado ao conceito, muito caro na Doutrina Islâmica, de que Deus é um ser sem semelhante.
Observamos que esses sentidos todos denotam um só significado: a submissão absoluta ao Adorado, a rendição total a Ele, a contrição perante Ele. A adoração, em verdade, não se constitui apenas em obediência, submissão e divinização, mas abrange tudo isso numa distinta particularidade.
Assim sendo, podemos entender o que o Imam Al Hussein (A.S.) disse: “As pessoas são escravas do mundo e a religião é mera expressão pronunciada por eles, enquanto sua vida for abundante. Quando são acometidos por provações, reduz-se o número dos religiosos[3].”
A adoração das pessoas ao mundo se dá com o fato de sua permanência nele, dando-lhe o atributo de deus na sua submissão absoluta a todas as suas paixões e necessidades, como se fossem o mundo e suas coisas deuses a serem adorados. Essa é uma forma de divinização oculta que o homem não sente conscientemente, porém guarda no seu subconsciente. Isso é extraído das palavras de Deus, Altíssimo: “Não tens reparado naquele que tomou os seus vãos desejos como deuses?[4]”. Considerar os desejos mundanos como deus dá-se no envolvimento profundo neles, como se abrangessem a existência total do indivíduo, sem que o homem nada veja além deles e não se lance a não ser em sua direção, não se apegue a não ser a eles que, então, dominam-no por completo.[5]

[1] . Alcorão. C,23.V47.

[2] . Alcorão.C13.V.36.

[3] . Bihar A- Anwar (Mares de Luz), p. 670, c 37. 8 - Op. Cit., p. 273, capítulo 128.

[4] . Alcorão.C 45,V .23.

[5] . Fonte: Revista Islâmica Evidências

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