O assunto da intercessão está toda nas mãos de Deus, e ninguém tem o direito de interceder a não ser com Seu consentimento, pois, nesse caso sua intercessão não será efetiva.
Desde o nosso propósito aqui é demonstrar o lícito e legítimo da intercessão , então a condição de falecido do intercessor não afeta nosso propósito. Mesmo se fosse aceito que esses versículos se referem apenas aos intercessores que se encontram vivos e não aos mortos, isso não prejudicaria o propósito, pois, se pedir a intercessão dos vivos não é considerado shirk ou idolatria, naturalmente pedir dos mortos da mesma forma também não serão idolatrias, pois, a condição de vivo ou morto do intercessor não é um critério de monoteísmo e idolatria em absoluto.
O único assunto que é necessária e requerido para procurar a intercessão das almas santas é sua capacidade de ouvir nossas palavras, e isso conforma um assunto que demonstraremos ao tratar com o tawassul, onde discutimos lá esse tipo de vinculação.
Aqui é necessário que dirijamos nossa atenção para um ponto importante, que é que o pedido de intercessão que os crentes e gente de tawhîd fazem aos profetas divinos e awliâ' divinos difere substancialmente do pedido de intercessão que os politeístas fazem aos seus ídolos.
O primeiro grupo requer a intercessão dos “awliâ’ de Deus”, e isso se desprende de duas realidades fundamentais:
1. O grau de intercessão é um grau particular de Deus e puramente Seu direito, Glorificado seja Ele, conforme expresso no versículo que diz:
“Dize-lhes (mais): Só a Deus incumbe toda a intercessão. Seu é o reino dos céus e da terra; logo, a Ele retornareis”.[1]
Em outras palavras, o assunto da intercessão está toda nas mãos de Deus, e ninguém tem o direito de interceder a não ser com Seu consentimento, pois, nesse caso sua intercessão não será efetiva.
2. Os intercessores por meio dos quais a gente de tawhîd ou monoteísmo procura sua intercessão, são servos corretos e sinceros de Deus, Glorificado seja Ele, cuja súplica a Deus é respondida por causa de seu nível diante dEle e da proximidade de sua posição com relação a Ele , Glorificado seja.
Com essas duas condições, a gente de tawhîd difere de forma fundamental e básica dos politeístas na questão da intercessão.
Primeiro: os idólatras não veem nenhum tipo de restrição ou condição para que a intercessão seja efetiva, como se Deus tivesse delegado a questão da intercessão a esses ídolos cegos e mudos, enquanto o povo de tawhîd considera a intercessão como um direito próprio de Deus, seguindo o que está declarado no Alcorão Sagrado, e restringir a aceitação e eficácia da intercessão dos intercessores ao consentimento de Deus e Seu prazer.
Segundo: Os idólatras da época da Mensagem consideravam a seus ídolos e seus diversos objetos de adoração como entidades regentes e divindades, e tolamente pensavam que esses corpos inertes e objetos inanimados tinham parte da regência sobre o universo e a divindade, enquanto a gente dos tawhîd não veem os profetas e Imames assim, mas os veem como servos sinceros de Deus, e em suas orações e saudações repetem constantemente sua condição de "Seu servo e Mensageiro" e "servos sinceros de Deus".
[1] Alcorão sagrado. C.39, V.44 قُل لِّلَّهِ ٱلشَّفَٰعَةُ جَمِيعٗاۖ لَّهُۥ مُلۡكُ ٱلسَّمَٰوَٰتِ وَٱلۡأَرۡضِۖ ثُمَّ إِلَيۡهِ تُرۡجَعُونَ